O Ministério da Saúde anunciou na tarde desta segunda-feira (15/1) que a imunização para dengue está prevista para iniciar em fevereiro deste ano, mas ainda não especificou uma data. A pasta adiantou que o número de doses para serem usadas na população é menor que o necessário, o que irá exigir um planejamento detalhado para aplicação.
Eder Gatti, diretor do Programa Nacional de Imunizações (PNI), informou que serão disponibilizadas 5 milhões e 200 mil doses da vacina no país para este ano de 2024. “A empresa responsável possui apenas esse quantitativo para o país, e com extras que poderão ser doados, acreditamos que pode chegar a seis milhões”, afirmou.
Com a limitação da produção das vacinas, Gatti afirmou que acredita que por conta do quantitativo ofertado pela Takeda e também pela aplicação da Qdenga ser feita em duas doses, seja possível imunizar cerca de 3 milhões de pessoas no país em 2024.
O Ministério da Saúde também adiantou que as estratégias para vacinação serão definidas somente durante a próxima reunião com secretários estaduais e municipais de saúde (reunião tripartite), prevista para acontecer no dia 25 deste mês.
Gatti também informou que o governo deve escolher grupos prioritários entre 6 e 16 anos, faixa definida pela OMS para aplicação das doses, mas que nada ainda está definido. O diretor do PNI ressaltou o desejo do governo expandir a vacinação contra dengue futuramente, com a inclusão de outras fórmulas protetivas.
Incorporação da vacina contra a dengue no SUS
A vacina contra a dengue foi incorporada no Sistema Único de Saúde (SUS) em dezembro de 2023. Com a iniciativa da pasta da Saúde, o Brasil se tornou o primeiro país a oferecer a vacina contra a dengue no sistema público universal de saúde.
O parecer final da Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias (Conitec) foi dado em uma reunião no dia 20 de dezembro, levando em consideração o cenário epidemiológico e a necessidade, segundo o Ministério, de incluir mais uma alternativa ao enfrentamento da dengue. Ainda que houvesse limitação na capacidade de entrega do número de doses por parte da fabricante, a Comissão julgou relevante a oferta do imunizante no SUS.
A vacina Qdenga tem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) com indicação para prevenção de dengue causada por qualquer sorotipo do vírus para pessoas de 4 a 60 anos de idade, independentemente se houve ou não exposição prévia à doença.
Cenário epidemiológico da dengue
O Ministério da Saúde alerta que a infecção por dengue gera uma doença que pode ser assintomática ou apresentar formas mais graves, podendo até mesmo evoluir ao óbito. Dentre os principais sintomas da forma viral, estão a fraqueza muscular, sonolência, recusa da alimentação e de líquidos, vômitos, diarreia ou fezes amolecidas.
Segundo os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), até junho de 2023 ocorreram 2.162.214 de casos e 974 mortes por dengue no mundo. No ano anterior, em 2022, foram notificados 2.803.096 casos de dengue na Região das Américas, sendo a maior parte deles no Brasil, com cerca de 2.383.001, que também liderou a ocorrência de formas graves, assim como a Colômbia.
De acordo com a pasta, por conta do aumento de casos no Brasil durante os próximos meses, muitas vezes ocasionados por conta das questões climáticas – com a influência do fenômeno El Niño, por exemplo –, deverá haver um investimento de R$ 256 milhões no fortalecimento da vigilância das arboviroses.