Secretarias estaduais e municipais de saúde poderão usar de forma gratuita o Aplicativo de Gestão para Hospitais Universitários (AGHU) desenvolvido pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH). Durante reunião da Comissão Intergestores Tripartite, nesta quinta-feira (1º/2), a secretária de Saúde Digital, Ana Estela Haddad, e o presidente da EBSERH, Arthur Chioro, apresentaram detalhes da iniciativa, que começou a ser estudada em 2023 e foi adiantada pelo JOTA.
O aplicativo poderá ser usado em hospitais públicos e conveniados do SUS. De acordo com Chioro, além de evitar desperdícios de exames, reduzir o absenteísmo para consultas ou procedimentos e ajudar a regular fila, o aplicativo pode ser usado de forma a acompanhar estoques de medicamentos, o consumo de produtos que esteja acima ou abaixo do que é considerado normal e, ainda, verificar trajetória de medicamentos de alto custo até a sua dispensação.
O presidente da EBSERH afirma ainda que o recurso permitirá saber o médico que prescreveu o medicamento, como e quando o tratamento foi feito.
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O sistema AGHU já é usado por hospitais que integram a EBSERH. Desenvolvido no Hospital das Clínicas de Porto Alegre e internalizado pela estatal, o aplicativo tem mais de 25 milhões de pacientes cadastrados.
Ano passado, um acordo de cooperação foi firmado de forma a permitir que hospitais e serviços de saúde vinculados às secretarias estaduais e municipais de saúde também possam usar o sistema. Projetos piloto foram iniciados nas cidades de Diadema e São Paulo e hospitais federais do Rio.
Ao JOTA, o diretor de tecnologia da EBSERH, Giliate Coelho, explicou que agora o procedimento se tornará mais ágil. Com a publicação do edital, não será mais preciso acordo de cooperação técnica e convênios. “A partir de agora, o município entra no site, adere à comunidade e baixa o aplicativo. Um processo que dura menos de 24 horas”, disse.
A secretária Ana Estela Haddad afirmou ao JOTA que a iniciativa deve ter boa receptividade entre os gestores. Ela lista as razões. “Quando o hospital adota um sistema proprietário (privativo) como os que estão no mercado, geralmente paga-se caro para se adquirir o sistema. No momento de se fazer adaptações necessárias para sua realidade, o hospital precisa pagar novamente, sem falar na manutenção. Isso não acontece com o sistema de acesso aberto”, disse Ana Estela.
Condicionantes
Para aderir ao programa, no entanto, é preciso que algumas condições sejam atendidas. Entre elas, está a obrigação de estados e municípios constituírem equipes de TI e equipes multidisciplinares de saúde para integrar a comunidade de desenvolvimento. A ideia, completou a secretária, é estabelecer em rede nacional uma comunidade de desenvolvimento do AGHU e, eventualmente, trabalhar em novas versões.
Chioro afirmou que se hospitais do SUS aderirem ao aplicativo, haverá uma economia de aproximadamente R$ 3 bilhões. “Em vez de investirem na compra de um sistema que é muito mais caro, os hospitais poderão concentrar seus recursos numa equipe de desenvolvimento. Isso precisa acontecer para tornar o processo sustentável”, completou Ana Estela.
Giliate Coelho explicou que o sistema é instalado localmente, pela própria secretaria ou hospital. Como o programa opera no próprio computador, explica Coelho, o aplicativo não depende de internet. “Não há também problema de gargalos de muitos usuários usando ao mesmo tempo. Pelo contrário, quanto mais secretarias utilizarem, mais gente vai contribuir para o desenvolvimento do sistema.”
O diretor da EBSERH afirmou que estados e municípios têm autonomia para aderir ao sistema. A manutenção será feita pela estatal. “Isso também dá uma segurança para o município, não é um sistema que corre o risco de ser descontinuado.” O custo de municípios e estados é o de montar a sua estrutura de TI, computadores, datacenters, link interno, e montar a sua equipe para a implantação e manutenção.
Para Coelho, uma das vantagens do aplicativo é a melhoria da qualidade dos documentos médicos e clínicos. “Isso vale para receitas, atestados e prontuários.” Dados de estoques e dos almoxarifados podem ser obtidos em tempo real.
Ana Estela observa que o uso de aplicativos vai garantir também a interoperabilidade de dados da atenção hospitalar com a atenção básica, com dados reunidos na RNDS. Não há prazo para que habilitação seja feita. O acordo terá vigência de cinco anos.