Economia e agilidade estão entre as palavras mais usadas entre os passageiros que fazem uso do serviço de motoapp. Já os motociclistas citam entre as vantagens o baixo custo de compra do veículo e o menor consumo de combustível – que embora varie de acordo com o modelo e as condições de uso, fica, em média, em 40 km por litro de gasolina. Isso explica, entre outros motivos, por que as motocicletas vêm sendo cada vez mais incorporadas à mobilidade urbana.
Com viagens até 40% mais baratas do que em carros por aplicativo, a 99Moto já realizou 1 bilhão de viagens e já transportou mais de 40 milhões de pessoas no Brasil desde janeiro de 2022, quando entrou em funcionamento no país. Hoje o serviço está disponível em mais de 3.300 municípios, incluindo a Região Metropolitana de São Paulo.
Além de serem mais econômicas para os passageiros, as viagens desta modalidade geram ganhos financeiros para os motociclistas. Uma pesquisa da Access Partnership detectou que, no Rio de Janeiro, 78% dos motociclistas que aderiram à plataforma tiveram aumento de até 40% na renda. Com esse dinheiro a mais, os motociclistas sustentam suas famílias: aproximadamente 2 em cada 3 deles são os únicos provedores de seus lares.
Natacha Evelin, de 36 anos, trabalhava como técnica de enfermagem até que decidiu, há um ano, vender o carro para comprar uma moto e se cadastrar na 99Moto. “Trabalho 9 horas por dia e sempre ultrapasso a meta semanal de R$ 1 mil de ganho. Antes, no hospital, eu recebia R$ 2 mil por mês para fazer 13 dias de plantão de 12 horas”, comparou a motociclista. Segundo ela, a atual rotina se adequa melhor ao cotidiano dos dois filhos, um menino de 5 anos e uma menina de 14.
“Piloto moto há 20 anos. Faço tudo certinho, sou muito cautelosa no trânsito. Tenho que voltar para casa porque tenho dois filhos para criar. O passageiro também tem família e precisa voltar são e salvo. Na moto, eu trato o passageiro com o mesmo cuidado que eu dispensava aos pacientes na enfermagem”, disse Natacha.
O estudo da Access Partnership revelou que, desde o início dos serviços de moto por aplicativo no Rio de Janeiro, o tempo diário de viagem caiu 41%, o que representa 26 minutos a menos por dia ou 105 horas economizadas por ano pelos cariocas.
“Com congestionamentos cada vez maiores nas grandes cidades, a moto chega ao destino de forma mais rápida. Mas não se deve confundir ganho de tempo com desrespeito às leis de trânsito. Com os carros parados no engarrafamento, a moto se locomove de maneira mais eficiente”, ressalta André Porto, da Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec).
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Além do tempo de viagem, a pesquisa mostra também que houve queda dos custos dos passageiros com transporte. Desde que aderiram às plataformas de motoapp, 35% dos usuários no Rio de Janeiro economizam até 35% em seus gastos com transporte.
A social media Nathalia Silva, de 24 anos, mora em Diadema, em São Paulo, e atende clientes em diversas outras cidades da Grande São Paulo. Há 3 anos, ela passou a se deslocar somente por motos via aplicativo. “Na moto, eu economizo tempo e dinheiro. Além disso, como o trajeto de moto é mais rápido, consigo estender o meu tempo de descanso antes de sair de casa de manhã. No transporte público, teria que fazer muitas baldeações até chegar aos meus clientes, seria exaustivo.”
Segundo o levantamento da Access Partnership, 41% dos entrevistados reduziram o uso do carro particular. Essa economia com custos de transporte pode chegar a US$ 4 mil por ano na comparação com quem usa carro pessoal todos os dias, o equivalente a 20% do rendimento familiar médio.
O serviço de motoapp tornou o transporte mais acessível. No Rio, 73% das corridas são realizadas em regiões de baixa e média renda, e 59% se dão em áreas com pouca cobertura de transporte público. Mais de um terço das corridas começam ou terminam a menos de 100 metros de estações de transporte público. De acordo com o Datafolha, 57% dos usuários têm renda abaixo de R$2 mil.
“O motoapp complementa a oferta do transporte público nas grandes cidades, onde normalmente o trem, metrô ou ônibus não chegam perto da casa das pessoas. Elas utilizam a moto por aplicativo como primeira e última milha nessa integração com o transporte público”, explica André Porto, da Amobitec.
As mulheres são as maiores usuárias do 99Moto, segundo um levantamento da plataforma. Uma pesquisa do Instituto Locomotiva ainda revelou que 96% das mulheres de baixa renda que se deslocam pela cidade têm medo de serem vítimas de violência. E que 73% concordam que o serviço de motoapp reduz a exposição aos riscos dos trajetos que fazem a pé, principalmente à noite, ou durante a espera na rua por transporte público. As maiores preocupações delas são com assaltos (93%), estupros (89%), assédio (85%), além de olhares insistentes e cantadas (78%).
“Já passei por uma situação horripilante enquanto esperava o transporte público. Uma vez, por volta das 6h, eu estava no ponto de ônibus quando um desconhecido passou a me importunar. Estamos sujeitas a tanta violência na rua. por isso, eu pego a motoapp na porta da minha casa e desço no meu destino”, revela Nathalia.
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A maioria dessas mulheres que precisam se deslocar a pé não tem carro próprio e 54% delas já quiseram chamar um carro por aplicativo e desistiram por não terem dinheiro para pagar a corrida.
Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) identificou que o impacto 99Moto no PIB brasileiro foi de R$ 55 bilhões em 2023. Os maiores efeitos foram nos setores de comércio, serviços privados e material de transporte. Somente na cidade de São Paulo, a FGV estima um ganho de R$ 820 milhões no PIB, com geração de 13 mil empregos diretos e indiretos. Além disso, seriam pagos R$28 milhões em impostos.