Taxação de bilionários é uma das principais propostas do Brasil no G20, afirma embaixador

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O representante do presidente Lula no G20, embaixador Maurício Lyrio, afirmou, na manhã desta segunda-feira (27/5), que a tributação das fortunas bilionárias seguirá como uma das propostas centrais do Brasil como forma de combater as desigualdades globais. Na ocasião, o embaixador reafirmou a posição do ministro Fernando Haddad, que propôs uma taxação de 2% anual aos “super-ricos.”

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“São três mil bilionários no mundo. E se nós pudéssemos ter, como propõe o ministro Haddad, uma taxa de 2%, que nem é tão alta, uma taxa anual, certamente teríamos condições de reduzir, por exemplo, a pobreza no mundo e atingir outros objetivos, como combate à mudança do clima. Então essa é uma proposta central da presidência brasileira”, afirmou.

Maurício Lyrio, que é sherpa da presidência do Brasil no G20, participa da abertura da 3ª Reunião do Grupo de Trabalho de Desenvolvimento do G20, em Salvador (BA), que acontece entre os dias 27 e 29 de maio. Segundo ele, a presidência brasileira no G20 defenderá ainda a ampliação de investimentos no acesso à água e saneamento, o fortalecimento da cooperação trilateral e o combate às desigualdades. 

“A ideia da universalização do saneamento é absolutamente fundamental. Essa é uma das propostas que temos defendido junto aos países, organizações internacionais e bancos de financiamento. No caso da cooperação trilateral, defendemos que é preciso aprofundar esse processo, porque o Brasil tem experiências bem sucedidas de, junto com países desenvolvidos, prestar cooperação para outros países em desenvolvimento”, considerou. 

Aos membros do Grupo de Trabalho de Desenvolvimento do G20, Lyrio defendeu uma reforma da Organização das Nações Unidas (ONU) para a promoção da paz. O representante do presidente Lula sustenta que os conflitos em Gaza e na Ucrânia fortaleceram uma “polarização exacerbada” no cenário internacional, que deve ser contraposta com o avanço da cooperação trilateral. 

“Tivemos no ano passado um número recorde de conflitos entre e dentro dos Estados. 183 mil pessoas foram mortas e 13 guerras. É o maior número das últimas três décadas. Voltamos ao número impressionante de conflitos que o mundo enfrentou durante o período da Guerra Fria. Por isso precisamos de uma ONU renovada, reformada e forte, porque a sua missão principal foi justamente prevenir conflitos e manter a paz”, afirmou. 

O embaixador também destacou como desafios mais urgentes as vulnerabilidades ocasionadas pela inflação e da elevada dívida pública, com a volatilidade nos preços de alimentos e energia; e uma crise climática, que considerou ser uma realidade presente. Ao falar sobre o assunto, Maurício Lyrio relembrou as fortes chuvas no Rio Grande no Sul e seus efeitos na vida da população.

“Embora essas crises afetem a todos, elas não nos afetam igualmente. Os países em desenvolvimento são os que mais sofrem e, mesmo dentro dos países, são os mais pobres que sempre sofrem mais. Como o presidente Lula costuma argumentar, se tivéssemos de resumir os desafios globais atuais em uma única palavra, seria ‘desigualdade’”, defendeu

Também foram citados como desafios mais urgentes a fome, a pobreza e a desigualdade; conflitos armados com consequências humanitárias catastróficas; retrocessos nos padrões de vida; vulnerabilidades resultantes da inflação e da elevada dívida pública; alta volatilidade nos preços de alimentos e energia; e uma crise climática que já não é uma ameaça distante, mas, sim, uma realidade presente. 

Temas do GT de Desenvolvimento

Ao longo do encontro em Salvador, o GT de desenvolvimento planeja apresentar quatro estudos sobre o impacto das desigualdades nos países. No primeiro, o Banco Mundial deve expor um relatório sobre políticas de inclusão para Mulheres e Grupos Marginalizados; a UNICEF apresentará um levantamento o que discute o combate à pobreza infantil e às desigualdades por meio de políticas inclusivas; o IPEA e OIT expõe um estudo sobre a redução das desigualdades raciais no mundo do trabalho; e, por fim, a CEPAL apresenta um relatório sobre os custos da desigualdade. 

As discussões e análises serão encaminhadas para a reunião de Ministros do Desenvolvimento do G20, que acontecerá em 22 e 23 de julho no Rio de Janeiro. Posteriormente, deverão ser apresentados durante a Cúpula Social do G20 nos dias 14 a 16 de novembro, que reúne a sociedade civil, às vésperas da Cúpula de Chefes de Estado e de Governo do G20.