Sinalização de Pacheco é revés perigoso para Lula em MG

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A intenção do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) de não concorrer ao governo de Minas Gerais complica ainda mais o cenário pré-eleitoral para o presidente Lula no segundo maior colégio eleitoral do país. O que já era difícil — a chance de obter uma vitória no estado — torna-se praticamente impossível sem a participação direta de Pacheco na cabeça da chapa.

A partir de agora, os aliados de Lula passam a trabalhar com os nomes de Gabriel Azevedo (MDB) e Alexandre Kalil (PDT). O primeiro, no entanto, tem dito a aliados que não será palanque nem de direita nem de esquerda. Ou seja, por ora, quer manter uma distância regulamentar do PT em Minas.

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Ex-prefeito de Belo Horizonte, Kalil sinaliza que aceita ser palanque de Lula, mas enfrenta resistências do PT e tem pouca capilaridade entre os prefeitos do interior de Minas Gerais. As demais opções passam pelo lançamento de um nome petista para o governo, no caso, o da prefeita de Contagem, Marília Campos, ou do ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia).

Segundo Rodrigo Pacheco, ele não planeja sequer concorrer à reeleição porque pretende se aposentar da vida política após ter sido preterido por Lula para uma vaga de ministro do STF.

As vias políticas em Minas ficaram interditadas para Pacheco quando o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, abonou a filiação do atual vice-governador de Minas, Mateus Simões, ao partido. Com isso, o senador teria de mudar de partido para ser candidato ao governo e chegou a conversar com o PSB e o MDB, mas as negociações não avançaram.

Com o PSD aliado ao governador Romeu Zema (Novo) e a Simões, a situação eleitoral também se complica para Alexandre Silveira. O ministro de Minas e Energia de Lula também teria de sair do partido de Kassab para viabilizar uma candidatura.

Em entrevista à rádio CNN Brasil, Pacheco afirmou: “Foi uma conversa franca e amistosa, entre pessoas civilizadas e que se respeitam. O presidente Lula tem outro nome escolhido para a vaga do STF, e eu respeito a sua decisão, assim como fico honrado de ter sido lembrado por tantas pessoas, inclusive pelo presidente (do Senado) Davi Alcolumbre, colegas parlamentares e até mesmo ministros do STF. Ele também respeitou a minha intenção de encerrar a vida pública ao final do meu mandato de senador, como já há algum tempo eu havia me programado. Essa decisão definitiva eu só posso tomar junto aos meus companheiros políticos, do Senado e de Minas Gerais”.

Com a sinalização de Pacheco, o presidente Lula está longe de ter um palanque em vias de definição em Minas, estado com 16,4 milhões de eleitores. Desde 2002, o candidato a presidente mais votado no estado subiu a rampa do Planalto. Por conta de questões socioeconômicas, culturais, geográficas e divisões regionais, Minas Gerais é apontado pelos analistas e marqueteiros como uma espécie de “estado-Pêndulo” e, portanto, decisivo na eleição nacional.
Panorama na oposição

O Republicanos — partido do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas — tem o senador Cleitinho Azevedo como pré-candidato ao governo e nas primeiras posições de várias pesquisas de intenção de voto. No entanto, o partido também faz parte da base de apoio a Romeu Zema e sofre ataque especulativo do governador para apoiar o vice-governador Mateus Simões (PSD), que ainda patina nos levantamentos abaixo de dois dígitos, mas que deverá disputar o comando do Executivo estadual.

O nome mais forte da centro-direita nas pesquisas até agora é o de Nikolas Ferreira (PL), identificado com o “bolsonarismo” e próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Mas, conforme orientação de seu partido, ele deve disputar a reeleição como principal “puxador de votos” do estado, o que empurrará o PL para uma coligação com Simões ou com Cleitinho.

Outro fator que provoca indefinição em Minas é a pré-candidatura de Zema ao Planalto, lançada recentemente.