O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), foi reeleito neste domingo (6/10), no primeiro turno das eleições municipais 2024, para um quarto mandato na capital fluminense. Com 93,66% das urnas apuradas, Paes tinha 60,26% dos votos válidos.
Paes deixou para trás o deputado federal bolsonarista Alexandre Ramagem (PL), que teve o apoio de 31,07% dos eleitores cariocas, apesar de a cidade ser o berço político do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em terceiro lugar ficou o deputado federal Tarcísio Motta (PSOL), que obteve 4,16% dos votos.
Paes, de 53 anos, está em seu terceiro mandato no Rio de Janeiro, após administrar a cidade entre 2009 e 2016 e prepará-la para os Jogos Olímpicos 2016. Com uma avaliação positiva entre lulistas e bolsonaristas, esteve ao longo de todo o processo eleitoral à frente nas pesquisas, com chances de ganhar à disputa ainda no primeiro turno. Viu, contudo, sua vantagem se reduzir a partir do início oficial da campanha e do horário eleitoral gratuito, quando ficou mais claro para a população carioca que Bolsonaro era o padrinho político de Ramagem.
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Por outro lado, Paes conseguiu formar uma coligação que incluiu o PT e outros partidos de centro-esquerda junto com outros de centro-direita. Apesar disso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não participou ativamente de sua campanha, diante do risco de afastar o eleitorado conservador que apoia Paes.
Paes é formado em Direito pela PUC-Rio e iniciou sua carreira política nos anos 90, como integrante da Juventude Cesar Maia. Logo depois foi nomeado subprefeito da Zona Oeste do Rio de Janeiro pelo então prefeito e padrinho político. Em 1996, foi eleito vereador pelo PFL e, dois anos depois, foi eleito deputado federal, cargo que ocupou por dois mandatos consecutivos. Em 2006, Paes concorreu ao governo do Rio de Janeiro, mas perdeu a eleição.
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Filiado ao MDB, que na época vivia seu auge no Rio de Janeiro, sob a direção do então governador Sérgio Cabral, Paes foi eleito e reeleito prefeito do Rio de Janeiro. Após deixar o cargo, fracassou em sua nova tentativa de chegar ao Palácio da Guanabara, em 2018, quando a onda bolsonarista elegeu o ex-juiz — e até então desconhecido — Wilson Witzel ao governo do estado. Em 2020, filiado ao Democratas, participou de uma nova disputa municipal e, auxiliado pela memória da bonança econômica e das obras públicas pré-olimpíadas, desbancou o então prefeito Marcelo Crivella. Uma vez no cargo, migrou para o PSD, em maio de 2021.
Seu principal adversário nestas eleições municipais foi o ex-delegado da Polícia Federal Alexandre Ramagem, de 51 anos. Atualmente exercendo mandato de deputado federal, Ramagem se tornou uma figura pública no governo Bolsonaro, quando foi nomeado chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Sua gestão na agência foi acusada de criar um sistema paralelo de espionagem e se tornou alvo da Polícia Federal, que passou a investigar Ramagem junto com outros integrantes do órgão. A “Abin paralela” foi acusada de espionar adversários políticos de Bolsonaro e de utilizar ferramentas e serviços da agência “para serviços e contrainteligência ilícitos e para interferir em diversas investigações da Polícia Federal”, segundo consta na decisão do ministro Alexandre de Moraes que autorizou uma operação de busca e apreensão contra Ramagem.
Nem mesmo o escândalo afastou a pretensão de Bolsonaro de colocar um de seus principais aliados, apoiado também pelo governador Cláudio Castro, no comando da capital fluminense e de seu reduto eleitoral.