Radar de eventos climáticos estima prejuízo de mais de R$ 200 bi com desastres desde 2022

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O Brasil teve 67 eventos climáticos “significativos” entre 2022 e 2024 com prejuízos estimados em R$ 184 bilhões devido a desastres decorrentes das mudanças no meio ambiente. Segundo o estudo, no primeiro semestre deste ano a ocorrência de 10 eventos mais significativos já levou a perdas de R$ 31 bilhões no país.

Os números são parte do Radar de Eventos Climáticos e de Seguros no Brasil, que será lançado nesta sexta-feira (14/11) pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg) em parceria com a Ernst Young, em Belém, no âmbito da COP 30, a Conferência da ONU para o clima.

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O material mostra que cerca de 9% dos prejuízos dos últimos três anos tiveram cobertura securitária. Em 2024, ano marcado pela tragédia no Rio Grande do Sul, esse índice subiu para 13%. “Em comparação com a experiência de países desenvolvidos, a cobertura média estimada varia entre 20% e 55%, a depender da metodologia”, diz a apresentação da CNSeg.

“Com o aumento do aquecimento global, os efeitos das mudanças climáticas se mostram cada vez mais severos, resultando em maiores perdas econômicas. Essa nova realidade de riscos impacta diretamente a forma como as seguradoras identificam, avaliam e gerenciam suas exposições, exigindo a revisão de processos tradicionais”, aponta o documento.

Apesar de se falar em efeitos crescentes, nos últimos três anos houve redução ano a ano no volume de perdas. Segundo Luciana Dall’Agnol, superintendente de sustentabilidade da CNSeg, explica que isso não significa redução do problema, porque os valores financeiros oscilam conforme o impacto.

“A queda nas perdas financeiras nos últimos anos não implica diminuição do problema, pois o impacto em vidas e o número de desabrigados pode crescer mesmo com prejuízos financeiros menores”, disse Dall’Agnol.

O estudo também destaca os impactos desiguais em termos regionais. “Enquanto o Sul concentrou as maiores perdas econômicas, o Norte e o Nordeste apresentaram os menores níveis de proteção, com menos de 2% das perdas seguradas”, diz o texto.

O presidente da CNseg, Dyogo de Oliveira, disse que o Radar permitirá dizer, em cada evento climático, qual foi o custo em indenizações pagas pelo setor de seguros, “sendo possível calcular qual é o gap de proteção e o impacto direto na economia”. Segundo ele, isso permitirá que se proponham políticas públicas, parcerias com outras instituições, sejam elas públicas ou privadas, e subsidiar a interlocução de alto nível com o governo.

*A reportagem viajou a convite da CNseg