PT, agora, quer fazer oficina de big techs ministrada ao PL

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Alvo de críticas de membros do PT, a oficina da Meta, ministrada ao PL em evento em Fortaleza, também foi oferecida ao partido, que, agora, também quer participar da oficina de forma mais consistente. A big tech, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, contatou não só o PT institucionalmente, como as lideranças da sigla na Câmara e no Senado, e parlamentares. Alguns mandatos e a Secretaria de Comunicação do governo Lula chegaram a participar dos treinamentos de melhores práticas, mas, em outras frentes, a adesão aos treinamentos não seguiu adiante.

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O JOTA apurou que não houve um direcionamento oficial para que o partido ou seus líderes não aceitassem os convites da big tech. Os motivos para a recusa passam por falta de interesse, desorganização e também por crítica de uma ala da sigla. O mandato tampão na presidência do partido chegou a ser apontado como um empecilho para a tomada de decisão em algo que pode envolver um grande planejamento e uma postura institucional.

Oficialmente, o Processo de Eleição Direta (PED), como são chamadas as eleições internas do partido, também foi mencionado. Ao JOTA, a Comunicação do PT informou que foi procurado pela Meta, mas que, como o processo eleitoral está em curso, o tema ficará para ser avaliado na próxima gestão. A legenda também informou que, “em relação ao Google, não houve diálogo”, mas acrescentou que tem “interesse em fazer com todas as plataformas esse tipo de formação”.

O tema causa desconforto no partido por uma avaliação de que os algoritmos das plataformas digitais beneficiam a disseminação de conteúdos de ódio. No entanto, também há o reconhecimento de que, como usuários, é válido entender melhor como as plataformas funcionam.

Esse mesmo argumento foi defendido publicamente pela ex-presidente da sigla e atual ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. Ao ser questionada sobre a oficina oferecida ao PL em coletiva organizada pelo Instituto Barão de Itararé na última semana, Gleisi disse que a plataforma digital se dispôs a fazer uma apresentação sobre as ferramentas de suas redes, mas houve uma reação para não fazer.

“Eu até avaliava que era importante, que a gente devia ver como que eles estão usando essas ferramentas. A gente sabe um pouco porque nós utilizamos essas plataformas. E teve muita reação do nosso pessoal do PT para não fazer isso. (…) Se o PT quisesse, poderia ter preparado, poderia ter chamado e eles iriam apresentar”, disse Hoffmann.

Para a ministra, o partido precisa discutir se continuará a usar essas plataformas. “Como faremos a briga? (…) Precisamos conhecer os recursos que elas têm. E nós temos que nos preparar cada vez mais sobre isso. E nós estamos nos preparando.”

Reação aos algoritmos

A legenda também está incomodada com um entendimento de que há uma aproximação entre as big techs e os partidos mais à direita. Um evento do PL em Fortaleza que teve a participação da Meta e do Google foi anunciado em materiais com identidade visual que sugerem apoio das empresas, reforçando a imagem de que as empresas estariam ao lado da direita. Entretanto, o JOTA apurou que não houve contrapartida como “parceria”, “apoio” ou “patrocínio” de nenhuma das duas big techs presentes no evento.

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Além da crítica a essa suposta aliança, o PT defende os posicionamentos do governo de que é preciso ampliar a responsabilização às plataformas digitais. Sustenta esse posicionamento o fato de as redes sociais terem sido instrumentalizadas para promoção dos atos golpistas do 8 janeiro. Neste cenário, até mesmo empresas de monitoramento de redes sociais alegam dificuldade de se aproximar do partido.

Em nota, a Meta informou que treinamentos com partidos políticos com presença no Congresso Nacional são parte recorrente do trabalho da empresa há muitos anos. “Oferecemos esses encontros para capacitar suas equipes sobre boas práticas em nossas plataformas”, disse. O JOTA buscou posicionamento oficial do Google, mas não obteve resposta. O espaço segue aberto.