对象已移动

可在此处找到该文档 Profissional de RelGov é essencial em uma sociedade com diversidade de projetos – Fábio G. Araújo

Profissional de RelGov é essencial em uma sociedade com diversidade de projetos

  • Categoria do post:JOTA

O “Encontro 2025 – Boas Práticas em RelGov.BR” reuniu especialistas e lideranças do setor público e privado para discutir caminhos de fortalecimento das relações governamentais, com foco em ética, transparência e eficiência na formulação de políticas públicas. O encontro organizado pelo Instituto de Relações Governamentais (IRELGOV) foi realizado na quinta-feira (6/6), em Brasília. 

Na abertura oficial, a presidente do IRELGOV, Patrícia Nepomuceno, apresentou um balanço das principais entregas da instituição. Entre os números, estão 85 membros em grupos de trabalho, 108 horas de mentoria e a publicação de 15 novos conteúdos pela Editora Diálogos. Patrícia destacou ainda a criação de três modelos de referência — para profissionais, empresas e consultorias — além do alcance de quase dois milhões de pessoas por meio da comunicação institucional e das parcerias acadêmicas estabelecidas. “Nossa expectativa com esse evento é difundir cada vez mais as boas práticas de relações governamentais e fortalecer essa comunidade profissional de forma legítima”, afirmou Patrícia Nepomuceno.

Patrícia Nepomuceno, presidente do IRELGOV, apresenta os resultados da instituição na abertura do “Encontro 2025 — Boas Práticas em RelGov.BR”. Foto: IRELGOV/Divulgação

Em mensagem gravada para o evento, o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, ressaltou a importância do IRELGOV como “um espaço plural e técnico dedicado à formação e profissionalização das relações governamentais no país através de iniciativas que unem a academia e o mundo corporativo”. Segundo Alckmin, “numa sociedade plural como a nossa, com projetos e visões de mundo muito diferentes, é importante termos profissionais éticos que buscam defender e aclarar ideias, primando pela boa técnica e pela diversidade”. 

Nesse sentido, a secretária de comércio exterior do MDIC, Tatiana Prazeres, destacou o cenário atual marcado por disputas geopolíticas e pela instrumentalização do comércio em temas de segurança nacional, o que exige estratégias sofisticadas por parte do governo e maior integração com o setor privado. Tatiana destacou que o Brasil, relativamente distante dos focos de tensão, deve explorar seus ativos em energia limpa, agronegócio sustentável e economia de baixo carbono, mas sem importar agendas incompatíveis com sua realidade de país em desenvolvimento. Encerrando, defendeu um diálogo público-privado qualificado, guiado por dados, para lidar com a crescente complexidade que envolve comércio, geopolítica e inovação.

Lara Gurgel, diretora-executiva do IRELGOV, apresenta o lançamento do programa IRELGOVMais durante o “Encontro 2025 — Boas Práticas em RelGov.BR”. Foto: IRELGOV/Divulgação

Lara Gurgel, diretora-executiva do IRELGOV, apresentou o IRELGOVMais, programa voltado a reconhecer o engajamento dos associados por meio de um sistema de categorias e selos. Os membros passam a ter seus perfis destacados no Diretório Profissional da entidade, de forma a ampliar sua visibilidade junto ao mercado de trabalho. Além do reconhecimento, o programa também oferece benefícios diretos, como bolsas de estudo, participação em missões internacionais, ingressos para eventos e mentorias. “O IRELGOVMais vem para mostrar que o engajamento do nosso associado traz retorno concreto e o posiciona como profissional referência no setor”, disse Lara Gurgel.

No primeiro IRELGOV Talk, Rebeca Lucena, diretora de relações governamentais da BMJ, abordou os desafios impostos pela atual conjuntura geopolítica à atividade de relações governamentais. Segundo ela, pandemias, guerras e crises climáticas têm impacto direto no cotidiano das comunidades e, como consequência, na atuação dos profissionais de relações governamentais, o que exige um perfil mais estratégico, com domínio transversal de temas como comércio exterior, sustentabilidade e geopolítica. “O profissional de RIG de hoje precisa atuar como eixo de estabilidade, formando alianças e antecipando soluções antes que as crises se instalem”, afirmou Rebeca Lucena.

Em seguida, Raquel Madeira, head de Public Affairs da Oficina Consultoria, apresentou a plataforma Órbita, desenvolvida para apoiar profissionais em ambientes de instabilidade política e regulatória. A solução permite o monitoramento em tempo real de atores políticos, redes de influência e movimentações digitais, e, dessa forma, oferece análises e alertas customizados para subsidiar decisões estratégicas.

No painel “TOTVS — Políticas Públicas para um Mundo Digital: Como os Profissionais de RelGov Facilitam o Letramento Tecnológico”, mediado por Andriei Gutierrez, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES), especialistas de diferentes setores debateram os desafios da transformação digital e a função dos profissionais de relações governamentais neste cenário. Ariela Zanetta, fundadora da IRELGOV e gerente executiva de relações institucionais e governamentais da TOTVS, Roseli Lopes, professora da USP/Inova USP, e Veronica Deviá, líder do Comitê de Tecnologia do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, defenderam um modelo de desenvolvimento digital baseado na construção coletiva e contínua, capaz de gerar crescimento econômico, cidadania digital e justiça social. 

Elas ressaltaram ainda a atribuição central dos profissionais de relações governamentais na mediação entre os diferentes atores institucionais, na promoção do diálogo técnico qualificado e na antecipação dos impactos de políticas públicas sobre os negócios e a sociedade.

Logo após, o painel “Transformação Digital nas Relações Governamentais: Cases setoriais de inovação e inteligência para uma atuação estratégica junto aos governos”, discutiu como dados, inteligência artificial e novas tecnologias vêm remodelando o trabalho dos profissionais da área. Na ocasião, Erik Camarano, diretor sênior de relações governamentais intercontinental na BioMarin, Michelle Mello, gerente de assuntos governamentais da Roche, e Rita Ragazzi, diretora de acesso a mercados e policy shaping da Prospectiva, destacaram que, mesmo diante da tecnologia, competências como pensamento analítico, visão crítica e ética seguem centrais na atividade.

Em “Rumo à COP: Estratégias de Relações Institucionais e Governamentais para impulsionar a agenda verde em um cenário global de incertezas”, mediado por Helena Mader, diretora da Seta Public Affairs Solutions/FSB Holding, os debatedores analisaram o papel do Brasil na agenda climática global às vésperas da COP30. Participaram Danilo Maeda, diretor-geral da Beon e professor do IBMEC e FIA Business School, Márcia Massotti, diretora de sustentabilidade da Enel Brasil, Gustavo Biscassi, diretor sênior de relações institucionais, comunicação e sustentabilidade da Coca-Cola Company para o Cone Sul, e Cristina Reis, subsecretária de desenvolvimento econômico sustentável do Ministério da Fazenda. O grupo reforçou a importância da construção de políticas estruturantes e da atração de investimentos verdes.

No “Advocacy e Consumo na Era Digital: Como as Políticas Públicas se Adaptam ao Novo Mercado”, mediado por Diana Oliveira, gerente sênior de relações governamentais da DHL Express Brasil, debateu os impactos da transformação digital no comércio e na formulação de políticas públicas. Anna Almeida Lima, diretora sênior de relações exteriores LATAM da Shein, Fabro Steibel, diretor executivo do Instituto de Tecnologia & Sociedade do Rio de Janeiro, Rodrigo Valadares, deputado federal (União-SE), e Nailton Oliveira, chefe do Departamento Internacional dos Correios, destacaram a necessidade de uma regulação flexível e baseada em dados, capaz de acompanhar a velocidade das inovações e ampliar a inclusão de pequenos empreendedores. Houve consenso quanto à carga regulatória excessiva da legislação brasileira, que pode inviabilizar negócios emergentes e desestimular a inovação.
Tatiana Prazeres, secretária de comércio exterior do MDIC, durante sua participação no “Encontro 2025 — Boas Práticas em RelGov.BR”.

O painel “Cielo — Diálogos que transformam: Relações Governamentais a serviço da sociedade civil”, mediado por Gilvan Bueno, membro do Conselho de Administração da Financer Educação, discutiu o papel estratégico das relações governamentais no fortalecimento da sociedade civil. Participaram Renato Kindi Noda, head de Relações Institucionais da Cielo, Talita Ibrahim, coordenadora executiva da Advocacy Hub, e Marcelo Strama,  diretor de Fomento do Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte (MEMP). O grupo reforçou a necessidade de uma atuação ética, baseada em dados concretos e na construção de consensos para políticas públicas viáveis. 

Os presentes concluíram que as relações governamentais têm evoluído para além do simples lobby corporativo, consolidando-se como uma ferramenta estratégica de construção de políticas públicas inclusivas e colaborativas. O exercício do advocacy moderno demanda ética, transparência, dados concretos, empatia e um diálogo contínuo com diferentes segmentos da sociedade para produzir soluções sustentáveis. Durante o encerramento do painel, destacaram que os profissionais de relações governamentais passam cada vez mais a atuar como facilitadores institucionais, que visam estimular a inovação, a participação social e o fortalecimento democrático.

Em “Public Affairs e o Espaço de Debate sobre Políticas Públicas”, mediado por Thomaz D’Addio, diretor de Public Affairs da Ágora, Fernando Silveira Filho,  presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Tecnologia para Saúde (Abimed), e Carolina Rollo, Head de Market Access, Pricing, Health Economics e Patient Advocacy na UCB, discutiram o fortalecimento da reputação institucional no setor de saúde, a responsabilidade das associações e o impacto crescente das redes sociais na formação da opinião pública. Para tanto, trouxeram à luz a pesquisa “Insights para relacionamentos públicos”, que revela dados sobre tensões culturais que apontam um cenário crítico para atuação em Public Affairs e posicionamento estratégico de marcas.

O encerramento foi mediado por Beatriz Gagliardo, gerente de relações governamentais da JTI, que debateu a modernização regulatória como base para o crescimento econômico. Daniel Meirelles, diretor na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Eliana Silva de Moraes, advogada e professora especializada em direito regulatório europeu e brasileiro, e Andrea Macera, secretária de competitividade e política regulatória do MDIC, ressaltaram a importância de regulações equilibradas, baseadas em evidências, que proporcionem segurança jurídica e estimulem a inovação. O painel também debateu a importância da utilização responsável de instrumentos como o sandbox regulatório para permitir a experimentação segura de avanços tecnológicos e econômicos, ao mesmo tempo que mantém a proteção dos dados dos cidadãos. 

Andrea enfatizou que a regulação deve ser recebida para além de um instrumento de controle: como ferramenta de desenvolvimento econômico e de promoção da competitividade nacional. Em sua conclusão, Beatriz Gagliardo ressaltou que o aprimoramento da qualidade regulatória depende do aprofundamento contínuo do diálogo técnico entre agentes públicos, empresas, academia e sociedade civil, em que os profissionais de relações governamentais atuam estrategicamente como facilitadores qualificados na interlocução com órgãos reguladores complexos e altamente técnicos, como a Anvisa.

Ao fim da programação, Juliana Marra, vice-presidente do IRELGOV, destacou a importância dos momentos de troca e de convivência proporcionados pelo evento, além da qualidade dos debates e da relevância dos dados e análises apresentados. Por fim, celebrou a expressiva participação feminina nas atividades. “Tivemos 22 mulheres e 13 homens entre painéis e talks. Foi um movimento natural, mas importante de ser registrado”, afirmou.