Petrobras anuncia produção de SAF; entenda o que é o combustível sustentável de aviação

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A perspectiva da adoção de regras mais rígidas para emissões de carbono pelo setor de aviação até 2027 impulsionou a abertura de um novo campo de atuação para a Petrobras: o de combustível sustentável para aeronaves. A companhia aproveitará que o país possui matéria-prima competitiva para produzir o SAF na Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em Cubatão (SP), e no Pólo GasLub, em Itaboraí (RJ). 

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De acordo com o diretor de transição energética e sustentabilidade da empresa, Maurício Tolmasquim, as duas unidades produzirão SAF a partir de óleo vegetal ou de gordura animal. A refinaria em Cubatão começará a operar em 2028, enquanto o Pólo GasLub iniciará as atividades a partir de 2031.

Durante o Fórum Ibef-Rio sobre Óleo e Gás para um Futuro Sustentável, na última sexta-feira (28/6), Tolmasquim, afirmou que a expectativa é de as duas unidades tenham capacidade para atender 30% da demanda nacional por querosene de aviação. As duas plantas estão projetadas para produzir um total de 34 mil barris por dia (bpd) de SAF, sendo 19 mil pbd no Pólo Gaslub e 15 mil bpd na RPBC.

O que é SAF

O combustível sustentável de aviação, conhecido como SAF, sigla em inglês para Sustainable Aviation Fuel, é produzido a partir de recursos renováveis como óleos vegetais, biomassa, gordura animal, gases residuais, entre outros, oferecendo uma alternativa mais sustentável ao querosene de aviação derivado do petróleo. 

Estima-se que o uso do SAF possa reduzir as emissões de carbono na aviação entre 70% e 90%. Além disso, o SAF tem uma característica drop-in – isto é, pode substituir completamente o produto fóssil, sem necessidade de adaptações em motores ou na infraestrutura de distribuição.

Meta zero até 2050

Atualmente, a aviação é responsável por cerca de 2% das emissões globais de CO2. Em 2022, a Organização da Aviação Civil Internacional (Oaci), das Nações Unidas, estabeleceu a meta de zerar as emissões de carbono na aviação internacional até 2050. No ano passado, os estados-membros da Oaci se comprometeram a reduzir as emissões de CO2 em 5% até 2030.

Segundo a Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata), em 2023 foram produzidos mais de 600 milhões de litros de SAF no mundo, o dobro do ano anterior. No entanto, essa quantidade representa atualmente menos de 0,5% do volume de combustível utilizado na aviação.

Debate no Congresso

O combustível sustentável de aviação também está em debate no Congresso Nacional. Em março, a Câmara dos Deputados aprovou o PL 528/2020, conhecido como Combustível do Futuro, que prevê, entre outros pontos, a criação do Programa Nacional de Combustível Sustentável de Aviação (ProBioQAV), visando incentivar a pesquisa, a produção, a comercialização e o uso do SAF no país.

Atualmente, o projeto está em tramitação no Senado Federal. Se houver alterações na proposta, o texto deve retornar à Câmara. A proposta estabelece uma meta de 1% a partir de 2027, com aumento gradativo até atingir 10% em 2037, para os operadores aéreos reduzirem as emissões de carbono nos voos domésticos por meio do uso do SAF.