O evento do O20 Ocean Dialogues, que acontece na próxima quinta-feira (8), tem como objetivo destacar e discutir a importância da navegação sustentável e competitiva.
A criação do O20, o primeiro Grupo de Engajamento focado nos oceanos no âmbito do G20, institui um marco histórico. Ele oferece uma oportunidade de integrar o financiamento para o nexo oceano-mudança climática e a transição para uma economia azul, elevando o oceano como uma fonte de soluções para uma economia global estável.
Por isso, o O20 está organizando uma série de Diálogos dos Oceanos, onde especialistas e líderes se reunirão para compartilhar insights, trocar conhecimentos, explorar oportunidades tanto para a conservação marinha quanto para uma economia azul sustentável, além de propor soluções, que comporão o Comunicado Final do Oceans20.
A transição para combustíveis sustentáveis é uma das principais estratégias para reduzir as emissões de CO2 no setor marítimo. No entanto, essa mudança traz à tona a complexa questão de conciliar o objetivo de sustentabilidade com a competitividade econômica no setor, uma vez que as novas fontes de energia ainda trazem consigo custos elevados de implementação no setor marítimo.
As perguntas que surgem a partir daí são muitas e perpassam o “como”, “onde” e “a que preço”. Mas considerando que a transição energética demanda um valor de investimento inicial, a pergunta que não quer calar é: quem arcará com esses custos adicionais?
Durante o evento será abordado como essas discussões podem influenciar a navegação sustentável, trazendo perspectivas diversas e incentivando a cooperação internacional. Este é um momento crucial para discutirmos os avanços e desafios que enfrentamos no setor marítimo.
A adoção de fontes de energia sustentáveis no setor marítimo traz uma série de oportunidades significativas. A utilização de combustíveis sustentáveis, como biocombustíveis, hidrogênio verde e amônia verde, e aqueles produzidos a partir de fontes renováveis, como resíduos agrícolas, energia solar e eólica, têm o potencial de tornar a navegação uma atividade mais ecológica e sustentável a depender de eventuais ajustes do motor e questões envolvendo armazenamento.
No entanto, a adoção de energias sustentáveis na navegação não se limita aos combustíveis alternativos. Envolve também a integração de tecnologias de propulsão inovadoras, como velas rotativas, sistemas de energia solar e turbinas eólicas instaladas em embarcações.
Em que pese tenha havido um grande movimento para a viabilidade de fontes de energia sustentáveis, os desafios são numerosos e complexos e impactam diretamente a competitividade no setor marítimo.
Um dos principais obstáculos é o custo elevado associado aos combustíveis sustentáveis em comparação com os combustíveis fósseis convencionais. A produção, o armazenamento e a distribuição desses combustíveis exigem investimentos significativos em infraestrutura. Por exemplo, a produção de hidrogênio verde requer eletrólise, que é uma tecnologia ainda em desenvolvimento e com altos custos operacionais. Além disso, a amônia verde necessita de sistemas de armazenamento específicos devido à sua toxicidade e volatilidade.
A adaptação das embarcações existentes para utilizar novos tipos de combustíveis também é um desafio considerável. Nesse sentido, a integração de combustíveis sustentáveis com outras formas de energia renovável, como a energia solar e eólica, pode maximizar os benefícios ambientais. Por exemplo, embarcações equipadas com painéis solares e turbinas eólicas.
A implementação dessas energias sustentáveis apresenta tanto grandes oportunidades quanto grandes desafios. A possibilidade de criar um setor de navegação mais ecológico e eficiente é uma grande oportunidade. No entanto, os desafios incluem o custo elevado das tecnologias, a necessidade de pesquisa contínua e a criação de uma infraestrutura global que suporte essas inovações.
A segurança marítima também deve ser garantida durante essa transição, assegurando que as novas tecnologias não comprometam a integridade das operações.
Para enfrentar esses desafios, é essencial o apoio das instituições financeiras. O BNDES, por meio do Fundo Azul, é um exemplo de como os bancos podem contribuir para essa transição. Esse fundo tem como objetivo financiar projetos que promovam a sustentabilidade no setor marítimo, oferecendo condições favoráveis para que as empresas adotem combustíveis mais limpos e tecnologias sustentáveis sem comprometer sua competitividade.
Este evento do O20 é uma oportunidade única para avançarmos na agenda de sustentabilidade do setor marítimo. Ao reunir especialistas de diferentes áreas, podemos desenvolver estratégias mais eficazes para conciliar a redução de emissões com a competitividade econômica, garantindo um futuro mais sustentável para a navegação global.
Colaborou a Comissão Organizadora do Ocean Dialogues