A abertura do ano do Judiciário foi marcada pela tentativa dos representantes dos Três Poderes de demonstrar que o Brasil está retornando à normalidade democrática e das instituições após um ano dos ataques de 8 de janeiro. Durante o seu discurso, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, disse “é uma benção fazer abertura do Judiciário sem termos nenhuma preocupação que não sejam as preocupações normais de um país, crescimento, educação, proteção ambiental, todos os outros valores que estão na Constituição e nos une a todos”.
Barroso acrescentou que achava bom não gastar “tempo e energia” falando de democracia “porque as instituições funcionam na mais plena normalidade, convivência harmoniosa, pacífica e de todos”. Porém, ressaltou que “Independência e harmonia não significa concordância sempre nem que o Judiciário atenda todas as demandas dos poderes, mas nós nos tratamos com respeito, consideração, e educação e sempre que possível”.
O presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, também ressaltou a harmonia entre os Poderes. Lula, no entanto, relembrou que o Brasil conviveu com o fascismo de perto, porém, as ideias fascistas não prevaleceram. “Diziam que para fechar o STF precisava de um cabo e um soldado. Mas vieram milhares de golpistas e não fecharam nem o STF, nem o Congresso Nacional, nem a Presidência”, afirmou.
Em tom mais cauteloso, presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, afirmou que a normalidade democrática permite que os Poderes se concentrem mais em suas funções. “Foi justamente a tenacidade dos Poderes da República e o amor à democracia que nos mantiveram firmes e inabaláveis em nosso propósitos republicanos”, afirmou.
“Naquele momento [refere-se aos atos de 8 de janeiro], uma vez mais, uniam-se STF e Congresso Nacional diante de um momento de adversidade. Hoje, na abertura do ano Judiciário de 2024, as coisas parecem estar voltando à normalidade. Nessa busca constante de normalidade democrática, os Poderes da República têm mais tranquilidade para definirem e perseguirem suas finalidades e objetivos”, complementou.
A fala de Pacheco sobre a competência das instituições faz referência ao momento atual em que o Congresso discute medidas para frear ações do STF, especialmente em operações que envolvem parlamentares.
No fim da cerimônia, Pacheco, Lula, Barroso e os demais ministros do STF fizeram uma retirada simbólica das grades que estavam ao redor do prédio do Supremo. O STF foi o último prédio da Praça dos Três Poderes a retirar as grades de proteção.