Metodologia alemã permite calcular pegada de carbono de produtos da indústria

  • Categoria do post:JOTA

Há cerca de três anos, a multinacional alemã Basf, uma das maiores produtoras químicas do mundo, se deparou com um problema: como medir a pegada de carbono dos seus mais de 45.000 produtos? Na época, os clientes da indústria começavam a demandar que ela informasse o quanto de carbono equivalente havia sido emitido na produção de seus itens.

Especialmente em países que já têm um mercado de carbono estruturado, é importante para as companhias saber o quanto cada matéria-prima comprada gerou de impacto ambiental. “Fazer a conta manualmente para um produto é possível, mas para milhares é inviável. Foi aí que percebemos que precisaríamos ter um sistema para automatizar os cálculos”, diz Rodolfo Viana, gerente sênior de sustentabilidade da Basf no Brasil.

Tenha acesso ao JOTA PRO Poder, uma plataforma de monitoramento político com informações de bastidores que oferece mais transparência e previsibilidade para empresas. Conheça!

A Basf criou então a metodologia Scott, uma ferramenta que consegue calcular de forma automatizada a pegada de carbono de diferentes produtos da indústria. Segundo Viana, a conta é feita com base nos dados que a companhia tem sobre as emissões em cada uma de suas plantas, usando as metodologias cientificas já existentes. “O que a gente fez foi distribuir os números para saber quanto é a pegada de carbono equivalente de cada um dos itens”, diz o gerente.

A tecnologia é pública. A Basf fez parcerias com desenvolvedoras de software que estivessem interessadas em ajudar a implementar o Scott em outras indústrias. Hoje, gigantes como Bayer, Syngenta e Dow já estão usando a ferramenta.

A vontade de compartilhar o sistema veio de uma percepção da empresa de que seria melhor se todo o mercado utilizasse o mesmo padrão de cálculo para medir as emissões dos produtos. “Se a Basf só usasse a ferramenta internamente e o mercado adotasse outra, todo o nosso trabalho iria por água abaixo”, diz Viana.

Com as discussões sobre o mercado de carbono avançando no Brasil, no final de setembro um especialista da companhia veio da Alemanha apresentar o Scott para o governo brasileiro e também para grandes indústrias de mineração, petróleo e gás do país.

“Acreditamos que no Brasil, especialmente após a aprovação do projeto de lei do mercado de carbono, será cada vez mais importante para as empresas saber o quanto cada produto seu emite”, diz o gerente da Basf.

Na visão do executivo, quando as empresas tiverem que compensar suas emissões, elas vão olhar com muito mais atenção para a matéria-prima que compram. Se um produto custa mais, mas emitiu menos carbono, talvez compense comprá-lo para evitar ter que comprar créditos de carbono no futuro. “Eu acredito também que no futuro nós consumidores vamos buscar no rótulo qual é a pegada de carbono de cada produto e basear nossas decisões de compra nisso”, diz Viana.