Em pronunciamento na sessão ampliada do G7, no Canadá, o presidente Lula aumentou a pressão sobre a COP30. Ele disse que a edição anterior, a COP29, no Azerbaijão, teve resultados decepcionantes. Afirmou que o mundo enfrenta um “cenário desolador de escassez de financiamento”, lembrando que “às promessas não cumpridas somam-se cortes e retrocessos deliberados”.
Lula destacou que o Protocolo de Quioto foi um “símbolo de fracasso coletivo” e que os US$ 100 bilhões anuais previstos na COP15 de Copenhague jamais foram atingidos.
“Em 2024, países ricos reduziram em 7,1% sua Ajuda Oficial ao Desenvolvimento. No ano passado, saímos da COP de Baku com resultados decepcionantes”, ressaltou.
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Ele reiterou que, por meio do mapa do caminho Baku-Belém, a presidência brasileira da COP30 e o Azerbaijão estão trabalhando para reverter esse quadro. As bases para esse documento, que deve ser divulgado em Belém em novembro, estão sendo tratadas na SB 62, em Bonn, na Alemanha, a última grande conferência do clima da ONU antes da COP30.
Em Bonn, as conversas começaram devagar, com a agenda trancada logo na abertura. Mas, aparentemente, as discussões justamente sobre a agenda finalmente foram destravadas nos minutos finais desta terça-feira, segundo dia de negociações. A ideia da presidência da COP30 é avançar o máximo possível com a pauta para não perder tempo e garantir um resultado consistente em Belém.
Nesta semana, o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, anuncia a sua quarta carta, com os tópicos da chamada agenda de ação para que as mais de 190 nações tenham as diretrizes para conter aumento da temperatura global. Ele destacou importância de NDCs audaciosas e o papel do Fundo Florestas Tropicais para Sempre, a ser lançado em Belém, que vai remunerar os serviços ecossistêmicos como ferramenta inovadora que permitirá a proteção dos biomas por meio de incentivos positivos, sem recorrer a medidas punitivas.
Lula disse no Canadá esperar que os esforços do governo espanhol obtenham desfecho mais animador na Conferência de Sevilha sobre Financiamento para o Desenvolvimento no final deste mês. Lula aproveitou para defender a taxação dos super-ricos. Segundo ele, a cooperação tributária internacional é outra frente crucial para reduzir desigualdades.
“Taxar 2% sobre o patrimônio de indivíduos super-ricos poderia gerar US$ 250 bilhões ao ano para enfrentar os desafios sociais e ambientais do nosso tempo”, disse. Ele ainda acusou os países ricos de não terem vontade política para lidar com a crise climática.
“As despesas militares aumentaram 9,4% no ano passado. Isso mostra que é vontade política — e não dinheiro — o que está em falta”, atacou diante do grupo das maiores economias industrializadas do mundo, à exceção dos EUA, que deixaram a reunião na véspera por conta do conflito no Oriente Médio.
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Sobre isso, Lula defendeu diálogo e falou em vácuo de liderança, o que, segundo ele, agrava a tarefa de debelar as ameaças. “Os recentes ataques de Israel ao Irã ameaçam fazer do Oriente Médio um único campo de batalha com consequências globais inestimáveis”, afirmou no G7 em discurso que não foi transmitido, mas distribuído aos jornalistas. O brandirei ainda citou os conflitos na Ucrânia e em Gaza, no de afirmou que nada justiça a matança indiscriminada de milhares de crianças e mulheres”, disse, insistindo no reconhecimento do Estado Palestino.