Legal operations e legal design

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Como profissional dedicada ao campo jurídico, observo atentamente a recente transformação que está impactando nossa área. Historicamente, temos sido cautelosos em relação à adoção de mudanças e inovações. No entanto, os desafios impostos pela pandemia nos obrigaram a repensar nossos métodos, acelerando uma revolução no modo como prestamos serviços jurídicos.

Vivenciamos uma crescente demanda que redefine os padrões da área jurídica, buscando não apenas a viabilidade dos serviços oferecidos, mas também resultados embasados em dados concretos e a democratização do acesso à justiça. Nesse cenário, a chegada da inteligência artificial marca uma nova era que veio para ficar.

A busca por resultados eficazes tem impulsionado as chamadas operações jurídicas, conhecidas como Legal Operations, a adotarem uma abordagem mais estratégica. Esta mudança fundamental implica em mapear, medir e analisar resultados, o que representa um dos maiores desafios que enfrentamos como profissionais do direito.

Medir esses resultados torna-se uma tarefa árdua, especialmente quando os dados não estão adequadamente estruturados. A análise vai além dos custos, buscando compreender a capacidade produtiva, fluxos de trabalho e tempo despendido em cada tarefa. Avaliar se o tempo dedicado às atividades está alinhado com as expectativas das organizações é uma demanda crescente, considerando que tempo também significa custo.

O desafio que enfrentamos é complexo: ser eficiente, alcançar melhores resultados e, ao mesmo tempo, reduzir custos. Como advogados, enfrentamos uma pressão crescente em demonstrar como nossas operações estão promovendo atividades de forma eficiente. Precisamos mapear e mensurar nossas funções para apresentar, através de números, nosso desempenho, métodos utilizados e gastos incorridos.

Estamos inseridos em uma economia onde o tempo é um recurso valioso, enquanto as organizações enfrentam orçamentos cada vez mais reduzidos e desafios cada vez mais complexos. Isso nos obriga a buscar métodos diferenciados para solucionar problemas de maneira mais eficaz.

É nesse contexto que o Design Thinking, associado ao Legal Design, assume um papel relevante. Esta abordagem nos permite sair da tradicionalidade jurídica, buscando métodos inovadores para alcançar resultados. O Design Thinking, conforme destacado por Tim Brow, nos oferece uma abordagem que abraça a amplitude do pensamento do designer e métodos para resolver problemas de forma tecnologicamente e comercialmente viável.

Essa metodologia fomenta uma cultura colaborativa, onde equipes buscam soluções de maneira democrática, integrando as diferentes perspectivas individuais. Sua aplicação é passível tanto no setor privado quanto no público, visando alcançar resultados alinhados às expectativas de cada indivíduo e organização.

Todavia, nossa jornada de aprimoramento não se limita a buscar soluções; é igualmente crucial medir os resultados. É aqui que entra a metodologia conhecida como Lean Six Sigma, uma aliada poderosa das operações jurídicas. O Lean Six Sigma concentra-se na eliminação de desperdícios e na melhoria contínua dos processos.

Esta abordagem oferece uma estrutura clara para aprimorar a eficiência operacional no contexto jurídico. Por meio da análise detalhada dos processos, podemos identificar áreas de melhoria, eliminando atividades redundantes e aperfeiçoando a qualidade do serviço prestado. Seu foco na análise baseada em dados possibilita tomadas de decisão mais assertivas, contribuindo para uma abordagem mais sólida para as decisões estratégicas.

A metodologia Lean Six Sigma não apenas identifica problemas, mas também propõe soluções duradouras. Utilizando abordagens estruturadas, como o DMAIC, (Definir, Medir, Analisar, Melhorar e Controlar, com cada etapa, é possível identificar desafios complexos de forma sistemática, promovendo melhorias graduais e contínuas em nosso trabalho.

Entretanto, é fundamental salientar que a adoção bem-sucedida do Lean Six Sigma requer um comprometimento integral por parte da liderança e dos profissionais envolvidos. Mudanças culturais, capacitação das equipes e metas e métricas claras são essenciais para o sucesso dessa abordagem.

Em resumo, a aplicação dessas estratégias no campo jurídico oferece um caminho claro para aprimorar a eficiência, reduzir custos e garantir a entrega consistente de serviços jurídicos de alta qualidade. Ao abraçar essas metodologias, podemos enfrentar os desafios em constante evolução, impulsionando uma transformação contínua em nossa prática jurídica.

Ao adentrarmos na era da tecnologia e informações, a adaptação é crucial para a excelência no campo jurídico. Os desafios que enfrentamos vão além do simples entendimento da legislação. Precisamos, mais do que nunca, integrar métodos e estratégias que nos permitam não apenas atender, mas superar as expectativas de nossos clientes e organizações.

É neste contexto que a metodologia Lean Six Sigma se destaca, proporcionando uma abordagem sistemática para aprimorar nossos processos e performances. Ao aplicar os princípios do Lean, que busca eliminar desperdícios e simplificar processos, e do Six Sigma, focado na redução de variações e melhoria da qualidade, conseguimos promover uma mudança significativa na forma como entregamos serviços jurídicos.

A análise minuciosa dos processos legais nos permite identificar gargalos, reduzir retrabalhos e otimizar recursos. Essa otimização não apenas aprimora nossa eficiência, mas também eleva a qualidade dos serviços oferecidos, resultando em maior satisfação para nossos clientes.

Além disso, a aplicação do Lean Six Sigma promove uma cultura organizacional voltada para a excelência. Encoraja a colaboração entre equipes multidisciplinares, incentivando a troca de conhecimento e experiências para resolver desafios complexos. Esse ambiente propício à inovação e aprendizado contínuo nos torna mais ágeis e preparados para enfrentar os desafios em um mundo jurídico em constante evolução.

É importante ressaltar que, embora essas metodologias ofereçam um caminho claro para aprimoramento, a implementação requer uma mudança cultural e um comprometimento organizacional. A liderança desempenha um papel fundamental na disseminação dessas práticas e no estímulo à participação e comprometimento de toda a equipe.

Como advogada/gestora comprometida com a excelência e a melhoria contínua, vejo no Lean Six Sigma uma oportunidade de elevar nossas práticas jurídicas a um novo patamar. É uma abordagem que nos desafia a repensar nossos métodos, promovendo uma advocacia mais eficaz, eficiente e alinhada às expectativas das organizações modernas.

Portanto, ao integrarmos o Legal Design com o Design Thinking, e o Lean Six Sigma aliado a mentalidade Data Driven, em nosso cotidiano jurídico, estamos pavimentando o caminho para uma advocacia mais proativa, aplicando nas operações jurídicas metodologias que contribuem para a inovação, e com preceito usuário no centro, certamente atingirá as expectativas em busca da excelência. Estamos não apenas respondendo às demandas do presente, mas também nos preparando para os desafios do futuro.