Na noite da última quinta-feira (30/5),o capítulo brasileiro da Association of Corporate Counsel (ACC) realizou seu primeiro encontro anual em São Paulo. Com parceria do JOTA, o evento celebrou a consolidação da comunidade de advogados in-house no Brasil e refletiu sobre os desafios da atividade em tempos de transformação tecnológica.
A ACC, que reúne mais de 48 mil advogados corporativos ao redor do mundo, chegou oficialmente ao país há apenas um ano, e conta com mais de 1.900 membros representando mais de 1.500 empresas. Para Paulo Samico, fundador da ACC Brasil, o encontro é a consolidação de uma rede jurídica em torno do potencial do papel dos advogados corporativos. “Nós somos os grandes promotores de um ambiente de negócio seguro, de um ambiente de negócio sadio e altamente criativo, sobretudo nessas eras de inteligência artificial em que o diferencial humano faz toda a diferença”, afirmou ao JOTA.
Assine gratuitamente a newsletter Últimas Notícias do JOTA e receba as principais notícias jurídicas e políticas do dia no seu email
Nos próximos meses, a meta da ACC Brasil é formalizar a organização localmente, ampliar o engajamento institucional e estreitar laços com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em busca de maior reconhecimento e valorização da atuação in-house no país, explica Samico.
Para o fundador, o principal desafio dos advogados corporativos hoje é o acesso e a gestão da informação estratégica. “Nós precisamos estar informados e preparados para poder fazer com que o nosso grande cliente, a organização a qual a gente pertence, esteja pronta”, disse.
Em um cenário regulatório instável como o brasileiro, ele defende que o jurídico seja visto como um norte de confiança, tanto por acionistas quanto por executivos. “A gente tem o olhar em prol da segurança jurídica, mas também em prol de um ambiente de negócios que faz acontecer. Somos viabilizadores de novos negócios e nunca pessoas que travam novas iniciativas”
IA
A inteligência artificial foi um dos temas mais abordados pelos parceiros convidados. Antonio Curvello, sócio do escritório Daniel Law, destacou os riscos associados à ausência de uma governança clara na adoção de IA nas empresas. “Muitas vezes, informações confidenciais têm o risco de serem reveladas e, obviamente, depois que o modelo de algoritmo é treinado, você não consegue mais retirar aquela informação”.
Leonardo Pecorari, da Lex Design, chamou atenção para a importância de observar processos e pessoas antes de implementar novas tecnologias. “É importante olhar sempre pras pessoas primeiro, olhar pros fluxos, pros procedimentos, pra gente não ter ali um elefante branco, alguma coisa aí dentro da empresa que não faz tanto sentido no momento”.
Business
O contencioso, frequentemente visto como um “centro de custo”, pode ser ressignificado com visão de negócio, afirmou Henrique Parada, do Parada Advogados. “Todo o problema da empresa acaba desaguando no jurídico”, afirmou. “E a gente começou a tentar enxergar como levar valor para a empresa”.
O escritório atua com estratégias de prevenção de litígios, repensando operações, como no SAC, por exemplo, e combate à litigância predatória, com foco em retorno prático. “É um trabalho que a gente faz em conjunto, usando o contencioso, para não ser mais um patinho feio, uma área de gasto, mas uma área que leva solução para a empresa, para os produtos e para os clientes”.
Conheça o JOTA PRO Poder, plataforma de monitoramento que oferece transparência e previsibilidade para empresas
“Ter o jurídico participando, engajado, altamente proativo em pautas pró-indústria, em pautas pró-ambiente de negócio saudável, é extremamente essencial para o futuro que o Brasil espera”, disse Samico. “Somos viabilizadores de novos negócios”.
O evento contou com o apoio de escritórios e empresas como Demarest, Daniel Law, FCAM Advogados, Parada Advogados, Lex Design e Instituto Minerva.