O coordenador do Grupo de Trabalho da Saúde do G20, embaixador Alexandre Ghisleni, afirmou nesta segunda-feira (4/6) que há um consenso entre as delegações para a criação de uma aliança global na produção de remédios, vacinas e insumos. Segundo o embaixador, os termos da proposta encabeçada pelo Brasil ainda estão em negociação, mas conta com amplo apoio das delegações. Caso seja aprovada, a sugestão precisa ser referendada na reunião ministerial, em outubro.
“A principal questão que a gente pode antecipar como consenso é que as delegações estão discutindo ‘como’ se deveria criar essa aliança e não ‘se’ deveríamos criá-la. Demos um passo à frente no sentido de que há um entendimento compartilhado entre a maioria das delegações sobre a importância de um acordo que fomente a produção de remédios e vacinas em todas as regiões do mundo”, afirmou.
A iniciativa é considerada uma das prioridades do Ministério da Saúde, que também participou das negociações para o estabelecimento da aliança durante a 77ª Assembleia Mundial da Saúde, em Genebra, na Suíça. No G20, o Brasil propõe a descentralização geográfica da produção de remédios e vacinas, para que a demanda por esses insumos não dependa de poucos atores globais.
Ghisleni falou com exclusividade para o JOTA no segundo dia da 3ª reunião do GT de Saúde em Salvador (BA), que acontece entre os dias 2 e 6/6. Para o coordenador do grupo, o Brasil procura as condições para aprovar medidas concretas com base no consenso entre as delegações.
Uma das novidades da 3ª reunião do GT será a inclusão de novos itens na agenda, que não foram discutidos nas reuniões anteriores. O embaixador Alexandre Ghisleni afirmou que o Brasil pretende pautar discussões sobre determinantes sociais em saúde, segurança dos pacientes e maiores investimentos na prestação de serviços.
Determinantes sociais em saúde
No encontro, as representações da Indonésia, Reino Unido, União Africana e Noruega apresentaram suas expectativas sobre o contexto dos determinantes sociais. Segundo dados do governo brasileiro, entre 2017 e 2021, as doenças determinadas socialmente foram responsáveis pela morte de mais de 59 mil pessoas no Brasil.
Em 2023, o Comitê Interministerial para Eliminação da Tuberculose e Outras Doenças Determinadas Socialmente (Cieds) reuniu nove ministérios para elaborar estratégias para o enfrentamento de 11 enfermidades que impactam diretamente as populações de maior vulnerabilidade social, como o malária, esquistossomose, Doença de Chagas e hepatites virais — além da transmissão vertical da sífilis, hepatite B e do HIV.
G20
Uma vez negociadas, as propostas debatidas no GT de Saúde do G20 serão encaminhadas para o encontro ministerial que acontecerá em outubro, no Rio de Janeiro. Caberá aos Estados que compõem a reunião de cúpula definir os planos finais de todas as temáticas discutidas.