A quinta edição da pesquisa com executivos de bancos e corretoras, encomendada pela plataforma de investimentos Genial à consultoria Quaest, mostra aceleração na tendência de piora das expectativas do mercado em relação à economia. Isso está refletindo nas projeções do Produto Interno Bruto (PIB) para 2023 e na avaliação da equipe econômica do ministro Fernando Haddad.
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Em setembro, 24% previam um crescimento do PIB acima de 3%. Atualmente, apenas 5% mantêm essa estimativa, enquanto a proporção daqueles que preveem um crescimento inferior a 3% aumentou de 15% para 51%. Na opinião de 80% dos entrevistados, a equipe econômica atual é considerada pior do que a do governo de Jair Bolsonaro.
Na avaliação de 74% dos executivos ouvidos, a versão da reforma tributária como foi aprovada pelo Senado é melhor do que o sistema tributário atual. Para 50%, a simplificação e transparência são as principais qualidades da reforma que levam a essa avaliação. De 0 a 10, a nota atribuída ao conjunto da reforma é de 5,3%. A conclusão da reforma ainda este ano é tida como certa por 68%.
A sondagem consultou de forma online 100 profissionais, incluindo gestores, economistas, analistas e tomadores de decisão das maiores casas de investimento do Rio de Janeiro e de São Paulo, entre os dias 16 e 21 de novembro.
Menos otimismo em relação à economia
De acordo com a sondagem, 55% esperam piora da economia nos próximos 12 meses, alta de 21 pontos percentuais sobre a pesquisa anterior, realizada em setembro. O índice dos que acreditam em melhora recuou de 36% para 21%.
A falta de confiança na política fiscal é identificada como o principal motivo para essa visão pessimista. Para 77% dos entrevistados, o principal problema que dificulta a melhoria da economia é a falta de uma política fiscal que funcione. A perspectiva de atingir um déficit zero é descartada por todos os executivos ouvidos (100% duvidam que o governo consiga zerar o déficit no próximo ano), e a aposta recai em uma meta de 0,5% do PIB para 2024. No entanto, para 56% essa mudança fará a inflação subir, e aumentar o desemprego (49%).
Efeito Argentina
A pesquisa também perguntou a opinião sobre as eleições na Argentina. Para 67% o resultado não impactará a balança comercial brasileira. No entanto, 59% avaliam que poderá haver impacto na economia pela dolarização proposta por Javier Milei, que se adotada pode aumentar os custos de importação, e pela diminuição da relação comercial entre os dois países (41%).
Copom
Para a próxima reunião do Conselho de Política Monetária, 72% esperam a definição de uma taxa Selic de 11,75%. Na avaliação de 41%, o ciclo de corte de juros deve se encerrar abaixo de 10% no próximo ano.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, continua com aprovação alta, de 85%. Também é alto o índice de preocupação com a futura indicação de Lula para a sucessão de Campos Neto: 70% declaram-se muito preocupados, e o principal motivo de preocupação é o risco de ingerência por parte do governo, apontado por 51% dos executivos.
Aprovação do trabalho
A aprovação do trabalho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que saiu vitorioso na queda de braço com o ministro-chefe da Casa Civil Rui Costa, sobre a manutenção da meta de déficit zero em 2024, recuou 3 pontos percentuais, ficando em 43%. Desde julho, o índice de aprovação diminuiu 22 pontos percentuais. Atualmente, 33% consideram o trabalho regular, enquanto 24% desaprovam, representando um aumento de 13 pontos em comparação com o nível mais baixo registrado em julho.