A demanda do mercado de gás natural deve aumentar, ao longo da próxima década, 3,2% ao ano para os segmentos industrial, comercial e residencial. Com isso, os investimentos na indústria de gás natural – entre projetos previstos e indicativos – podem atingir até R$ 150 bilhões no período.
A projeção é do Plano Decenal de Expansão de Energia 2024 (PDE), divulgado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
Segundo o estudo, parte significativa de novos aportes pode vir da iniciativa privada, que vem ampliando sua participação no mercado.
Um exemplo é a Compass – empresa criada em março de 2020 pela Cosan para abrir opções no mercado de gás cada vez mais livre e competitivo. Desde então, foram investidos mais de R$ 12 bilhões no mercado de gás natural.
A primeira iniciativa no setor, teve início em 2012, quando a Cosan adquiriu a Comgás. Hoje, a Comgás tem mais de 2,6 milhões de clientes espalhados em uma área de concessão que inclui a Região Metropolitana de São Paulo, Campinas e região, Vale do Paraíba e Baixada Santista (SP).
Somente em 2024, a empresa conectou mais de 160 mil novos clientes à sua rede de distribuição e foi reconhecida, pelo 16º ano, com o primeiro lugar no prêmio “Safety Achievement Award” da American Gas Association (AGA) – referência global em segurança. Um dos pontos altos é a evolução no NPS (Net Promoter Score), índice que mede a satisfação e fidelidade dos clientes – em 2024, a Comgás alcançou 71 pontos, um avanço de 6 pontos em relação a 2023.
Após a Comgás, a Compass investiu em outras distribuidoras de gás canalizado. Em 2021, a companhia fez a aquisição do controle da Sulgás, no Rio Grande do Sul. Um ano depois, lançou a Commit, parceria com a Mitsui que detém participação em seis distribuidoras de gás canalizado. Em setembro de 2024, a Compass fez a aquisição do controle da Companhia Paranaense de Gás (Compagas).
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Além da Compagas, e dos controles da Sulgás, Necta (distribuidora de gás canalizado no Noroeste paulista), a Commit tem participação em três concessionárias: SCGás (Santa Catarina), MSGás (Mato Grosso do Sul) e CEG-Rio (Rio de Janeiro), mantendo o foco do portfólio no Centro-Sul do país.
Uma das entregas importantes da Compass é a Edge, empresa criada para contribuir para o mercado livre, flexível e competitivo de gás no Brasil. O modelo de negócios inclui ativos estratégicos de infraestrutura, logística on e off grid e um portfólio completo de originação e comercialização de gás natural e biometano, o gás de origem renovável. Destaques para o Terminal de Regaseificação de São Paulo (TRSP), em Santos (SP), que iniciou a sua operação em julho de 2024, com capacidade de regaseificar 14 milhões de m³ de gás natural por dia. Um dos projetos é usar esse GNL em modal rodoviário para descarbonizar indústrias distantes da malha de gasodutos.
Outro ativo relevante é a construção da planta de purificação de biometano de aterro sanitário da OneBio, resultado de uma parceria da Edge com a Orizon, em Paulínia (SP). A operação, que produzirá até 180 mil m³ por dia de biometano para comercialização da Edge, deve ser iniciada no segundo semestre de 2025.
De acordo com o vice-presidente de Comunicação, Sustentabilidade e Institucional da Compass, Adriano Zerbini, o compromisso da companhia é promover uma transição energética segura e eficiente. “Investimentos como esses promovem o desenvolvimento econômico, a transição energética e, consequentemente, o crescimento do país. É um olhar de longo prazo”, destacou.
Descarbonização
Com grau avançado de maturidade tecnológica, o gás natural é visto como uma solução já provada para reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE), especialmente em setores econômicos de difícil descarbonização, chamados de hard-to-abate, como o transporte pesado e vários segmentos industriais que usam combustíveis mais poluentes.
O Brasil tem uma meta de redução de emissões até 2050 e o setor de transportes é responsável por quase 50% das emissões de dióxido de carbono equivalente (CO₂e).
Nessa jornada, a substituição do diesel por gás natural e biometano tem ganhado força, com um aumento de 49,5% nas vendas de caminhões e ônibus a gás de janeiro a novembro de 2024.
Segundo o diretor técnico-comercial da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), Marcelo Mendonça, é nas frotas pesadas que está o maior potencial de substituição de outros combustíveis com maior pegada de carbono.
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“É fundamental que políticas públicas incentivem o uso de gás natural como substituto do diesel em veículos pesados como caminhões de carga e de transporte de passageiros, a exemplo do que vemos em outros países, como Espanha, Colômbia e Estados Unidos. É uma oportunidade para descarbonizar a economia brasileira e pode fomentar o aumento da oferta de biometano, uma vez que o biometano é fungível com o gás natural”, ressaltou o diretor da Abegás.
Gás natural e biometano garantem redução de emissões
O gás natural veicular (GNV) apresenta emissões de gases de efeito estufa 25% menores que o diesel. Já o biometano registra emissões 87% menores quando comparado ao diesel.
O resultado é de um estudo comparativo de Avaliação do Ciclo de Vida, do poço à roda realizado pela ACV Brasil.
A iniciativa comparou as emissões de veículos pesados (modelo pesado com motor EURO5) na Região Sudeste dos três combustíveis.
De acordo com o estudo, estima-se ainda que a adição de 5% de biometano ao gás natural implicaria em uma redução de 28% na emissão de GEE em relação ao diesel. Em um cenário prospectivo, o uso de 50% de biometano no futuro resultaria em redução de 56%.
Essas e outras iniciativas podem ser consultadas no Relatório de Sustentabilidade 2024 da Compass.