A nova rodada da pesquisa Futura Inteligência, em parceria com a plataforma de investimentos Apex Partners, revela um quadro de estabilidade nos índices de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas com sinais claros de tensão na agenda da segurança pública e reconfiguração do campo da direita para 2026.
A pesquisa ouviu 2.000 brasileiros com 16 anos ou mais no mês de novembro. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, com nível de confiança de 95%. O levantamento, divulgado nesta terça-feira (11), traz um retrato atualizado do humor político e eleitoral do país, da avaliação de Lula ao avanço das lideranças da direita e ao peso da segurança pública no debate nacional.
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Governo Lula mantém estabilidade, mas enfrenta desgaste
A avaliação positiva de Lula (30,5%) e a negativa (44,9%) mostram que o governo segue em patamar de estabilidade, sem recuperação ou queda estatisticamente significativa. A aprovação pessoal (40,9%) indica resiliência, mas com maioria de desaprovação (52,8%), consolidando uma base de apoio limitada.
Os líderes estaduais seguem em vantagem: 62,7% dos brasileiros aprovam seus governadores, índice bem superior ao de Lula. O resultado reforça a percepção de que a eficiência administrativa é mais reconhecida nas gestões locais do que no governo federal.
A operação no Complexo do Alemão teve forte respaldo popular, segundo o levantamento: 73,7% apoiam a ação e só 14% são contrários. Sobre a atuação no episódio, a Polícia Militar recebeu 73,3% de avaliação positiva (ótimo+bom), e o governador Cláudio Castro, 61,2%. Já Lula recebeu apenas 20,8% de avaliação positiva, contra 49,6% de avaliação negativa. O dado, ainda que conjuntural, reforça uma tendência que as pesquisas vêm apontando: a maioria dos brasileiros se identifica com políticas de endurecimento na segurança pública.
Segurança pública é o calcanhar de Aquiles do governo
Segundo o levantamento, o tema desponta como principal ponto de vulnerabilidade: quase metade da população (46,1%) acredita que a segurança piorou sob Lula, e apenas 18,2% enxergam melhora. Isso explica, em parte, o desgaste presidencial frente à operação no Complexo do Alemão, onde 73,7% apoiaram a ação policial e 49,6% reprovaram a postura de Lula. O episódio reforça o alinhamento da opinião pública com medidas de endurecimento, especialmente nas classes médias urbanas e no Sudeste.
Direita competitiva, mas fragmentada
No campo eleitoral, o levantamento mostra Tarcísio de Freitas consolidando-se como principal nome da direita –empatado tecnicamente com Lula no 1º turno (35,1% x 33,8%) e vitorioso no 2º turno (46,5% x 39,5%). Outros nomes, como Ronaldo Caiado e Ratinho Jr, também registram bom desempenho (acima de 40% contra Lula), mas a falta de coordenação entre as lideranças conservadoras mantém o espaço dividido e sem hegemonia.
A marca de Bolsonaro continua viva, mas corta o eleitorado ao meio. Um em cada quatro brasileiros (24,8%) votaria com certeza em um candidato apoiado por ele, enquanto 44% rejeitariam essa indicação. O dado escancara o dilema da direita: como manter a base bolsonarista engajada sem perder o centro moderado, que ainda define o jogo eleitoral.
Na espontânea, um terço do eleitorado (33%) ainda não cita nenhum nome para 2026, revelando distanciamento emocional da disputa e baixa cristalização de preferências. O dado sinaliza que o pleito segue aberto, com amplo espaço para movimentos de reposicionamento, especialmente se a economia e a segurança seguirem como temas centrais.