Fazenda prevê PIB mais fraco e inflação acima do teto da meta em 2025

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Secretaria de Política Econômica (SPE) revisou de 2,5% para 2,3% sua expectativa para o crescimento econômico de 2025. A desaceleração, antecipada pelo JOTA, se deve, principalmente, ao aperto mais forte no ciclo monetário que foi iniciado pelo Banco Central (BC) em dezembro de 2024. Até esse período, a pasta projetava um PIB de 2,5% para este ano.

A desaceleração na economia, porém, não vai se refletir, segundo documento apresentado nesta quinta (13), em um arrefecimento da pressão inflacionária. No cenário da secretaria, o IPCA deverá encerrar 2025 em 4,8%, mesmo patamar que ano passado e ainda acima do teto da meta de inflação, que é de 3%, com uma banda superior e inferior de 1,5%.

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Ao justificar a nova projeção para o PIB, o secretário de política econômica, Guilherme Mello, explicou que a política monetária tem um efeito defasado e que essa alta dos juros afeta particularmente as chamadas atividades cíclicas, como é o caso do setor de indústria e serviços, que tendem a desacelerar, impactando o mercado de crédito e de trabalho. Este segundo deve continuar dinâmico, explicou o secretário, mas menos pressionado devido ao crescimento mais moderado do setor de serviços em comparação com o ano passado.

Mello citou o Caged de dezembro de 2024, que apresentou uma queda de 1,12% no saldo de empregos, como um dos primeiros indicadores dessa desaceleração na atividade econômica.

Por outro lado, as atividades não diretamente relacionadas ao ciclo econômico e com dinâmicas próprias, como o setor agropecuário e extrativista, devem compensar a perda de vigor da indústria e dos serviços e tendem a ter um ano mais positivo do que em 2024.

A SPE cita uma expectativa de uma safra de grãos recorde, que deverá ser observada especialmente no primeiro trimestre e pode contribuir, inclusive, para redução no preço de alimentos, além de um crescimento da produção de petróleo.

Essa eventual redução no preço de alimentos, segundo a pasta econômica, é o que contribui para uma desaceleração nos preços livres que compõe a inflação. Os preços monitorados, porém, que refletem a inflação passada, devem subir ligeiramente. As projeções para o cenário inflacionário, portanto, calculam que o IPCA deve encerrar 2025 se mantendo em 4,8%, patamar similar ao encerrado em 2024. O valor é acima do teto da meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) de 3%, com uma banda de tolerância de 1,5%.

O secretário reforçou que para esses cálculos foi utilizando como taxa de câmbio o que está na pesquisa Focus, de R$ 6,00 e, na prática, observa-se um câmbio mais próximo de R$ 5,80.

Ao ser questionado pelo JOTA sobre a possibilidade de estímulos por parte da equipe do Ministério da Fazenda em uma eventual piora no cenário econômico em relação ao projetado, Mello argumentou que o governo não trabalha com medidas de reação. Segundo ele, há uma agenda que foi anunciada pelo ministro da Fazenda, explica, com medidas que envolvem aprovação no Congresso, algumas dependem apenas do Executivo, e que visam criar o melhor ambiente possível para a economia crescer com equilíbrio.