Uma pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (30/10) mostra que 6 em cada 10 motoristas do aplicativo Uber não gostariam de trabalhar como motorista empregado pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O número cresce para 66% no caso de vínculo intermitente, conforme a reforma trabalhista.
Mesmo se fosse para manter o valor líquido que ganham hoje, mais da metade (54%) não aceitaria mudar para um emprego de motorista CLT em tempo integral. Contudo, nesta hipótese, diminui-se à rejeição ao regime celetista.
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Quando questionados sobre o salário que aceitariam para trabalhar em uma empresa como CLT, 59% dos motoristas responderam que a oferta poderia ser de até 4 salários mínimos de salário líquido (mais ou menos R$ 5.874). A renda média mensal dos entrevistados é de R$ 2.348, considerando o aplicativo e outras atividades.
Quanto ao apoio estatal, a principal demanda é o auxílio na renovação ou troca dos veículos com linhas de financiamento ou incentivos (52%). Na segunda posição aparece a opção de melhor não ter nenhuma intervenção do poder público (21%). Apenas em terceiro lugar aparece a demanda para implementar ou melhorar a previdência específica para motoristas (17%). A porcentagem cai ainda mais em relação ao incentivo para programas de capacitação e qualificação (7%). Melhorar os ganhos por quilômetro e não cobrar/reduzir impostos aparecem com 1%.
Ainda segundo a pesquisa, atualmente, 40% dos motoristas não estão cobertos nem pela previdência social nem privada.
Em relação ao recurso da uberização que está no Supremo Tribunal Federal (STF), 56% dos entrevistados concordam que a falta de definição da Justiça se os motoristas devam ser CLT ou autônomos causa insegurança sobre o futuro.
Metade dos motoristas (50%) procuraria outra atividade como autônomo caso uma decisão judicial estabelecesse que todos devessem ser empregados CLT das plataformas.
O Datafolha ouviu aleatoriamente 1.800 motoristas com cadastro ativo na plataforma da Uber, em todas as regiões do país, entre os meses de maio e agosto de 2025.
A pesquisa quantitativa foi feita com coleta de dados via envio de e-mail com o link da pesquisa e uso de questionário estruturado de autopreenchimento com duração média de 20 minutos. Os motoristas receberam um vale-combustível de R$ 20 como forma de agradecimento pelo tempo gasto na entrevista. Segundo o Datafolha, o incentivo está dentro dos parâmetros definidos pela Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa.
O estudo foi blind, isto é, os entrevistados não foram informados sobre os nomes dos contratantes.