O Brasil tem em mãos uma oportunidade única para liderar a transição energética global, especialmente no desenvolvimento da indústria de hidrogênio verde (H2V). Com uma matriz elétrica majoritariamente renovável e um marco regulatório moderno – desenvolvido em tempo recorde –, o país se destaca no cenário internacional como um dos principais protagonistas dessa nova era energética, se fortalecendo ainda mais diante das incertezas no processo de transição energética de outros países, como os Estados Unidos.
A demanda por hidrogênio verde pode impactar o PIB em de R$ 150 bilhões até 2030 e gerar mais de 20.000 empregos na construção dessas plantas de H2V, verdadeiras “refinarias verdes” com muita tecnologia envolvida. Para atender a esse crescimento, o Brasil precisará expandir sua capacidade de geração renovável, além de fortalecer sua infraestrutura de transmissão elétrica.
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Embora haja desafios, eles estão sendo enfrentados, fruto do trabalho conjunto entre setor privado e governo, impulsionados pela determinação de desenvolver a indústria de hidrogênio verde e consolidar o protagonismo do Brasil na transição energética global.
A atualização contínua do Plano de Outorgas de Transmissão (POTEE) é um dos passos fundamentais para garantir que a expansão da rede elétrica acompanhe o ritmo dos novos projetos ultra eletrointensivos. Com visão de futuro, associações como a ABIHV e a Abeeólica propõem a antecipação do POTEE de expansão de 4 GWh para o primeiro semestre de 2025, garantindo que o país esteja preparado para absorver esse crescimento de forma estruturada.
Outro ponto-chave para consolidar o protagonismo brasileiro é a modernização das regras de acesso à rede elétrica. A implementação de critérios mais rigorosos para novos acessos, vai fortalecer a confiabilidade do setor e atrair investidores sérios e comprometidos. Esse movimento já está em andamento, com revisões regulatórias sendo conduzidas pela Aneel por meio da CP 23/2024.
A integração entre agentes públicos e privados também será essencial para o desenvolvimento de soluções inovadoras e colaborativas, fortalecendo ainda mais o ecossistema de energia limpa no Brasil. O ambiente regulatório já conta com avanços importantes, como as Leis 14.948 e 14.990 de 2024 (Marco Legal do Hidrogênio de Baixa Emissão de Carbono e PHBC), que, embora recentes, abrem caminho para novos incentivos e segurança jurídica aos investidores.
Programas como o Rehidro e o PHBC reforçam o compromisso do Brasil em criar um ambiente favorável para o crescimento do H2V, consolidando o país como referência mundial no setor. Para que essa liderança se concretize rapidamente, é fundamental que o processo de regulamentação avance com celeridade, garantindo que o país aproveite plenamente essa janela de oportunidade.
O Brasil já demonstrou, em diversas ocasiões, sua capacidade de inovação e liderança no setor de energia renovável, sendo referência mundial em fontes como a hidroeletricidade e, mais recentemente, em energia eólica e solar. Com uma matriz energética composta majoritariamente por fontes limpas – mais de 80% renovável –, o país se consolidou como um modelo global de transição energética sustentável.
Agora, com a ascensão da indústria do hidrogênio verde, temos a oportunidade de ampliar ainda mais esse protagonismo, estabelecendo novos padrões globais de excelência tecnológica, atraindo investimentos estratégicos e impulsionando o desenvolvimento socioeconômico e ambiental. O Brasil está preparado para ser o pioneiro e mostrar ao mundo como crescer de forma sustentável e inovadora.
O futuro do hidrogênio verde no Brasil não é mais uma questão de “se”, mas de “quando” – e cada passo dado hoje nos aproxima ainda mais de um amanhã de liderança energética global.