Boulos: ‘Disse e reafirmo, rachadinha é crime. Quem comete, tem que responder’

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O deputado federal e pré-candidato à prefeitura de São Paulo nas eleições de 2024, Guilherme Boulos (PSOL-SP), reafirmou que considera a ”rachadinha” como crime. No entanto, ele pontuou que não era isso que estava em jogo nesta quarta-feira (5/6) no Conselho de Ética na Câmara dos Deputados, que analisou o pedido de cassação do deputado federal André Janones (Avante-MG) e aprovou o relatório de Boulos recomendando o arquivamento  do caso. A fala do parlamentar foi proferida em coletiva de imprensa, nesta quinta-feira (6/6), após sabatina realizada em parceria entre o canal MyNews e a REAG Investimentos, em São Paulo (SP).

O arquivamento do caso Janones, suspeito de receber partes dos salários de ex-assessores antes da atual legislatura, foi aprovado por 12 votos a 5. ”Eu sempre disse e reafirmo: ‘rachadinha’ é crime. Quem comete, seja o Flávio Bolsonaro ou qualquer outro, tem que responder na Justiça. E, se a Justiça comprovar que a pessoa é culpada, tem que ser punido. Isso vale para o Janones, para o Flávio Bolsonaro, para quem for. Agora, não era isso que estava em jogo ontem no Conselho de Ética”, declarou.

”O fato atribuído ao Janones, se ele cometeu ou não, a Justiça vai dizer, aconteceu antes do início do mandato dele nessa legislatura. Isso está mais que comprovado em todos os autos”, disse. Boulos também afirmou que já houve precedentes no próprio Conselho de Ética, inclusive dos acusados de envolvimento do 8 de janeiro, que foram arquivados sob o mesmo argumento. ”Então, você não pode ter dois pesos e duas medidas”, prosseguiu.

”Então, quem é de extrema direita e bolsonarista não vai ser julgado por algo que aconteceu antes do mandato, como já aconteceu, e quem é de outro campo político vai ser julgado? Essa é a jurisprudência que já existe no Conselho de Ética, e foi com base nela que fiz o meu relatório”, pontuou.

‘Não tenho nenhuma intenção de aumentar a carga tributária em São Paulo’

Durante a sabatina, Boulos afirmou que, se eleito, não terá intenção de aumentar a carga tributária na cidade. De acordo com o pré-candidato, o problema hoje em São Paulo ”não é caixa e orçamento”, mas a eficiência da execução e o planejamento. ”Não tem por que você propor aumento de carga tributária, qualquer que seja ele, se você tem as contas públicas com condições de garantir o que é essencial para a cidade”, disse.

No mesmo tema, Boulos comentou que pretende criar uma agência municipal de crédito, com a finalidade de estimular a atividade de pequenos e micro empresários em São Paulo. Segundo o pré-candidato, tal proposta é viabilizada pelo orçamento total, de R$ 112 bilhões, que deixa a administração municipal em uma espécie de ”tranquilidade financeira”.

Assim, alfinetou a gestão do atual prefeito Ricardo Nunes (MDB-SP), afirmando que ”é impressionante, e acho que é retrato de uma gestão que não deixou um legado, ter uma situação financeira tão favorável e não ter conseguido resolver os problemas e ter gastado tão mal”.

‘Me preocupa que a cidade seja governada por quem não reconhece os seus erros’

No início da sabatina, o parlamentar também criticou a atuação de Nunes durante o episódio de novembro de 2023 que culminou em um apagão generalizado na capital paulista por alguns dias. Desse modo, comentou que se preocupa ”muito” que o município seja governado por alguém que não consegue reconhecer os seus erros.

”Hoje, se você perguntar para qualquer paulistano como a prefeitura agiu naquele episódio do fim do ano passado, eu tenho certeza que a enorme maioria vai reconhecer que houve falha. Acho que o primeiro passo pra gente corrigir as falhas é reconhecê-las”, afirmou. Por isso, defendeu o implemento de inovação e tecnologias para mitigar os danos provenientes de eventos climáticos.

Segundo Boulos, a prefeitura da capital agiu mal principalmente por não ter se prevenido. ”Uma coisa é você ter um furacão. Outra coisa é você ter um evento absolutamente extraordinário. E nós já tivemos ventanias dessa mesma velocidade em São Paulo e não fizeram esse estrago”, afirmou.

Na entrevista, Boulos também criticou a criação de escolas cívico-militares e respondeu perguntadas voltadas à zeladoria, urbanização e mobilidade, plano de política de cultura e cracolândia. Neste último tópico, o parlamentar comentou sobre políticas públicas que pretende implementar em seu governo, defendendo a internação compulsória de usuários da região ”em casos extremos”.