BNDES: TLP sobe pelo quarto mês seguido, mas aprovações crescem no 1º semestre

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Enquanto tem como meta dobrar seus desembolsos em proporção do PIB até o fim do atual governo, o BNDES enfrenta aumento de custos na sua principal taxa de referência para os empréstimos. A parcela fixa da TLP em julho ficou em 6,13%, o segundo maior nível da história e vindo de uma sequência de quatro altas consecutivas. Ela também é corrigida pela inflação.

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O maior nível já verificado para essa taxa, que existe desde 2018, foi em março de 2023 (6,15%), início do atual governo Lula e quando as incertezas sobre o que viria a ser o arcabouço fiscal estavam em alta.

Mais recentemente, sua elevação reflete a disparada do custo dos títulos de cinco anos do Tesouro que são ligados à inflação (NTN-B) em junho. Esse movimento é reflexo da maior percepção de risco, derivada dos temores de postergação do corte dos juros nos Estados Unidos, movimentos técnicos dos fundos de investimentos e piora na percepção fiscal do Brasil.

Com a escalada no custo do crédito do BNDES, a tendência é um menor apetite das empresas para tomar empréstimos. Há algumas semanas, o presidente do banco, Aloizio Mercadante, chegou a dizer que as consultas em maio haviam recuado, refletindo o aumento do ruído político. Naquele mês, o custo chegou a 5,7% mais inflação e prosseguiu em alta nos meses seguintes.

Ainda que o cenário esteja mais desfavorável em termos de custo do crédito, o BNDES segue em trajetória de expansão. As aprovações efetivas do banco vêm crescendo e foram 79% maiores no primeiro semestre do que em igual período do ano passado, segundo informações obtidas pelo JOTA.

Mesmo as consultas tiveram já alguma recuperação em junho ante maio, chegando a R$ 25,8 bilhões, embora tenham ficado abaixo de junho de 2023 e acumularem queda de 1% no primeiro semestre. A base de comparação do ano passado é mais alta também pelo fator Americanas, que fechou o mercado de crédito privado e empurrou a demanda por crédito do BNDES.

Apesar da alta na parcela fixa, a queda na inflação ao longo do último ano e meio tem mantido o custo das operações com TLP comportados. No dado mais recente, a soma de inflação observada com parcela fixa ficou praticamente alinhada à taxa Selic e, nos últimos dois anos, a maior parte do tempo ficou abaixo da taxa básica de juros.

Nas últimas semanas, as taxas de juros no mercado futuro tiveram um alívio de pressão com a melhora no humor sobre os juros americanos e uma diminuição da percepção de risco fiscal interno. Mesmo assim, o alívio é parcial e deve manter a parte fixa da TLP pressionada.

Além das operações vinculadas à TLP, a instituição federal de fomento está ampliando suas fontes e alternativas de empréstimos. Primeiro com o Fundo Clima e com o financiamento à inovação via TR (que teve reforço de orçamento recentemente), mas também, no segundo semestre, com a LCD, que está aguardando a sanção presidencial para que as emissões já possam ser estruturadas nos próximos meses.

O governo Lula tem uma meta de chegar a 2% do PIB em desembolsos do BNDES, de forma a estimular principalmente a indústria, mas também os esforços de transição energética