O departamento jurídico costuma fazer parte da estrutura corporativa de empresas com atuação em obras e projetos de infraestrutura, e é indicado como área de apoio para a adequada gestão de projetos.
Com atuação dedicada ou compartilhada a estes movimentos da empresa, a equipe jurídica que atenderá as demandas passará não só pela fase da construção civil, montagem eletromecânica e instalações, como também por uma transformação para acompanhar esta dinâmica.
Compartilho, a seguir, algumas experiências do que vi ou vivi desde que vesti o capacete, divididas em cinco tópicos:
Comunicação: O universo de projetos é multidisciplinar, com diversas formações profissionais, muita experiência técnica, conceitos, gestão, expectativas e compromissos. A comunicação precisa chegar aos envolvidos. A mescla entre engenheiros, administradores, advogados, fornecedores etc. precisa ser assertiva, com objetivos claros, combinados definidos e formalizados. Para o jurídico, falar é tão importante quanto ouvir: entender os pontos de vista, participar como solucionador das controvérsias e auxiliar a “colocar no papel” o que foi combinado.
Organização: Projeto tem cronograma; os problemas muitas vezes precisam ser resolvidos na mesma hora e na maioria dos dias tomará rumos bem diferentes do que se programou. Por isso, é importante que o jurídico tenha uma estrutura definida para receber novas demandas, identificar o responsável da equipe que cuidará do assunto e consolidar as tratativas em único canal. O coordenador ou gerente jurídico desta equipe precisará ficar atento aos gargalos, buscando entender se há sobrecarga de demandas em pessoas específicas, se existe algum obstáculo jurídico, com a outra empresa e/ou se foi gerado por falta de informação, buscando auxiliar com as interfaces para concluir a tratativa.
Pertencimento: Quem atua na área de projetos precisa fazer parte, ou seja, entender que o objetivo final de todos os envolvidos é o mesmo e trabalhar em conjunto para que isso aconteça. Trazendo para a realidade de quem faz interface com os gestores de contrato, o jurídico pode e deve sinalizar desvios ou melhorias que impactem fluxos internos ou o relacionamento com fornecedores, independentemente de ter sido solicitada a análise para estes pontos. Mais importante do que resolver um problema, é preveni-lo.
Transformação: No dia a dia de projetos, a máxima “sempre foi feito assim” não tem vez. Isso não quer dizer que o passado será ignorado, pelo contrário, ele poderá ser utilizado como ponto de partida para mudança ou como experiência para novas ideias. Nesse processo, é importante entender quais eram os benefícios e prejuízos de como era/foi feito, incentivando que todos opinem, escutando os diversos pontos de vista e definir a partir de quando – e se – será implementada. A inovação e a revisão serão constantes.
Relacionamento: A rotina nesta área envolve desafios e é muito importante saber com quem contar. Trabalhar com uma equipe na qual se possa confiar, propor ideias sem medo, aprender, ensinar e ter momentos de descontração faz toda a diferença. Conhecer a equipe técnica, comercial, financeira e administrativa do projeto, entender a especialidade de cada um, buscar conhecer a experiência profissional, ouvir histórias do que passaram, assim como conhecer a estrutura corporativa da empresa em que se trabalha, facilita na solução e condução de demandas, aumenta sua experiência profissional e é uma oportunidade única de aprendizado. Assim como manter um bom relacionamento com o jurídico dos fornecedores ajuda nas situações ao longo do contrato. Contar com o apoio de escritórios referência em infraestrutura e outras especialidades jurídicas é um ótimo caminho e um importante aliado. Iniciativas de grupos jurídicos (como o Jurídico de Capacete) são primordiais para troca de experiências, ideias, conteúdo e benchmarking.
Ao final de cada obra ou projeto, é uma enorme alegria ver a conclusão do trabalho pela equipe e celebrar a conquista. É o momento em que aproveito para refletir sobre todas as transformações pessoais que aconteceram à medida que o cronograma avançava. Trabalhar nesta área é fazer parte da construção de projetos físicos e pessoais.