A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apresentou na manhã desta quarta-feira (6/10) os resultados do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) dos anos de 2018, 2019 e 2022. As análises monitoraram 25 alimentos a partir de um de 5.068 amostras. Os resultados apontam para a presença de resíduos de agrotóxicos proibidos ou acima do limite permitido em cerca de 25% dos alimentos de origem vegetal. Ainda assim, o mesmo relatório mostrou uma redução dos índices de potencial risco agudo em produtos disponíveis em supermercados durante o período de monitoramento.
O programa tem o objetivo de analisar a presença de agrotóxicos em alimentos coletados nos supermercados de todas as regiões do país. Em 2022, o ciclo avaliou 1.772 mostras de 13 alimentos, em 79 municípios. A análise revelou que 75% das amostras foram consideradas satisfatórias quanto aos agrotóxicos avaliados. Nos ciclos de 2018 e 2019 foram analisadas 3.296 amostras de 14 alimentos. Os dados revelaram que 74,4% das amostras foram consideradas satisfatórias quanto aos agrotóxicos pesquisados.
Ciclo 2022
1.772 amostras analisadas.
41,1% das amostras não tinham resíduos.
33,9% das amostras com resíduos dentro do limite permitido.
25% das amostras com inconformidade, que pode ser a presença de um agrotóxico não autorizado ou com resíduos acima do limite permitido.
0,17%, equivalente a 3 amostras, apresentaram risco agudo.
67% das amostras puderam ser rastreadas até o distribuidor e 23% até o produtor rural.
Ciclo 2018/2019
3.296 amostras analisadas.
33,2% das amostras não tinham resíduos.
41,2% das amostras com resíduos dentro do limite permitido.
25,6% das amostras com inconformidade, que pode ser a presença de um agrotóxico não autorizado ou com resíduos acima do limite permitido.
0,55%, equivalente a 18 amostras, apresentaram risco agudo.
66% das amostras puderam ser rastreadas até o distribuidor e 28% até o produtor rural.
Segundo a agência, os resultados do monitoramento e da avaliação do risco apontam que os alimentos de origem vegetal consumidos pelos brasileiros são seguros em relação aos potenciais riscos de intoxicação aguda e crônica. O relatório explica como esses alimentos podem apresentar danos à saúde humana a partir dos resultados de risco agudo ou crônico.
O risco agudo é possibilidade de dano à saúde causado pela ingestão de uma grande quantidade de alimento com agrotóxico. De acordo com os resultados, houve uma queda no percentual de amostras que possuem risco agudo entre 2018/2019 e 2022, de 0,55% a 0,17%.
Em relação ao risco crônico, que avalia os danos do consumo de alimentos contaminados por toda a vida, o relatório afirma que nenhum dos agrotóxicos pesquisados apresentou exposição pelo consumo de alimentos maior que a ingestão diária aceitável.
Entre os alimentos que tiveram uma redução do risco agudo, os resultados destacam a laranja. Segundo os dados, no ciclo de 2013/2015, 12,1% das amostras analisadas tinham potencial de risco agudo. Já no ciclo de 2018/2019, esse número caiu para 3% e, nas amostras de 2022, o risco agudo ficou em 0,6%.
Retomada do programa
A agência explicou que os dados do programa não abarcaram os anos de 2020 e 2021, em virtude da suspensão das coletas durante a pandemia de Covid-19. “O PARA contribui para a ação dessa agência de proteger a população quanto aos serviços sujeitos à vigilância sanitária”, declarou durante o encontro Daniel Pereira, diretor da agência e responsável pela matéria. Em nota, a Anvisa afirmou que a emergência de saúde pública exigiu que o foco das Vigilâncias sanitárias locais fossem as ações de enfrentamento à pandemia.
O ciclo de coleta só foi retomado em 2022, após um planejamento das ações, com a mobilização e treinamento de agentes da vigilância sanitária. Também foi necessário a implementação de um novo sistema de gerenciamento de amostras, assim como um novo contrato licitatório para as análises laboratoriais e o transporte das amostras.
De acordo com a Anvisa, esse cenário fez com que o planejamento de 2022 incluísse um número reduzido de amostras em relação aos ciclos anteriores. Entretanto, a agência promete um aumento gradual nos próximos anos.