Educação, economia verde e crescimento consistente

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O futuro do Brasil passa por uma economia forte, uma educação de qualidade e pelo respeito ao meio ambiente. No momento em que estamos completando quase um quarto do século 21, nosso país tem uma oportunidade ímpar de conectar esses três vértices em um projeto de nação robusto que possa nos ajudar a superar séculos de atraso e subdesenvolvimento e abrir as nossas portas para um novo posicionamento geopolítico global.

Olhando assim parece fácil. Mas não é. Muito porque, ao longo das últimas décadas, não conseguimos fazer nosso dever de casa. Temos uma natureza exuberante, uma matriz energética limpa e renovável, mas ainda nos debatemos na dicotomia sustentabilidade x desenvolvimento econômico. Apenas recentemente conseguimos perceber que não são questões antagônicas.

O compromisso ambiental do setor produtivo e a economia verde materializada em projetos tanto no Congresso quanto no Poder Executivo federal indicam que esses debates estão amadurecendo em nossa sociedade. O governo federal anuncia o Plano de Transformação Ecológica como uma de suas agendas prioritárias. O Parlamento tem apreciado uma série de projetos legislativos da chamada Economia Verde. O setor produtivo acelera iniciativas e negócios pautados na sustentabilidade, como vimos no recente congresso do Movimento Brasil Competitivo (MBC), em São Paulo.

No campo da educação ainda temos muito a melhorar. Os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) de 2022, divulgado no início deste mês de dezembro, corroboram isso. O Brasil atingiu a pontuação de 379 em matemática, em contraste com a média dos países da OCDE, que foi de 479. Quando a análise é feita nas áreas de leitura e ciências, o resultado é um pouco melhor. No primeiro caso, o Brasil alcançou 410 pontos ante 476 da média da OCDE. Em Ciências, a nossa pontuação foi de 403 pontos e a média da OCDE foi de 485.

O Pisa analisa o chamado ensino regular. Se o recorte for no ensino técnico, os resultados também não são animadores. As matrículas no Ensino Médio Técnico no Brasil são proporcionalmente baixas quando comparadas aos dados da OCDE, registrando apenas 8% dos jovens brasileiros, de 15 a 24 anos, matriculados em cursos técnicos ou profissionais em 2021. Em contrapartida, na Alemanha, aproximadamente 40 a 50% dos jovens optam por cursos técnicos.

Precisamos abrir espaço para o fortalecimento do ensino técnico, a exemplo do que acontece com outras nações desenvolvidas. Sondagem realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que, atualmente, 50% das empresas enfrentam desafios ao buscar trabalhadores qualificados, com destaque para o desequilíbrio entre as necessidades das empresas e a qualidade do capital humano disponível, afetando especialmente as ocupações relacionadas à tecnologia.

Segundo a Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais (Brasscom), espera-se mais de 675,5 mil novos empregos na área até 2025. Entretanto, a escassez de profissionais qualificados já impacta a ocupação dessas posições. De acordo com a Organização para a Cooperação de Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil ocupa a terceira posição quando se trata de carência de trabalhadores qualificados, com 63% das empresas com mais de 10 funcionários enfrentando esse problema.

A economia, após uma década de recessão, começa a apresentar alguma recuperação. É importante reconhecer o avanço institucional do país com a implementação de importantes reformas ao longo dos últimos anos, como as Reformas Trabalhista e Previdenciária. A aprovação da Reforma Tributária é animadora e histórica. Mas ainda resta a regulamentação e, especialmente, a conscientização de que os impactos na redução do Custo Brasil e na melhoria do ambiente de negócios são de médio e longo prazo.

O mundo segue em profunda transformação. No rearranjo das cadeias globais de produção, na noção de empregos transnacionais, na evolução acelerada da tecnologia que exige cada vez mais mão-de-obra qualificada. Na necessidade urgente de se preservar o meio ambiente, talvez a meta mais ambiciosa e mais complexa de ser alcançada. Basta lembrar que, durante a COP 28, recentemente realizada em Dubai, foi anunciado que o mundo aumentou, em 2023, em 1,1% a emissão de CO2 na atmosfera, se comparado a 2022.

O Brasil segue bem atrás das principais nações do mundo. Mas não adianta olharmos para trás. Precisamos aproveitar a janela de oportunidade que se abre diante de nós. Priorizar uma agenda de formação de nossos jovens para a geração de uma força de trabalho qualificada e preparada para o futuro. Preservar o meio ambiente e potencializar nossas características naturais como um diferencial competitivo. Reformar o Estado para que ele seja capaz de entregar cada vez mais valor para nossa população com responsabilidade fiscal e visão de futuro. Nesse espírito de renovação de ciclos que um novo ano nos brinda, 2024 se apresenta como uma oportunidade. A hora é agora!