Pedido de revisão do voto sinaliza insatisfação de Fux com ritmo ditado pelos colegas

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O pedido de Luiz Fux para revisar novamente seu voto – em busca de correções gramaticais e formatação – demonstra que o ministro não tem motivos ou intenção em contribuir para o ritmo processual que busca finalizar logo o processo que condenou Jair Bolsonaro.

Para avaliar a questão, vale responder à seguinte pergunta: a quem interessa o trânsito em julgado ainda este ano do processo em questão? Primeiramente aos colegas da 1ª Turma que votaram pela condenação do ex-presidente e querem virar logo essa página para tirar o Supremo Tribunal Federal (STF) e seus nomes da berlinda político eleitoral. Em segundo lugar, aos partidos políticos e lideranças do centrão que desejam acelerar a escolha de quem herdará o espólio político de Bolsonaro.

Para Bolsonaro e sua família, não.

Como já está claro para todos, Jair e seus filhos sabem que quanto mais tempo a situação estiver indefinida, maior o capital político para a escolha do candidato da direita. E a publicação do acórdão, na visão dos líderes do centrão, abre formalmente os prazos para os recursos e possibilita os julgamentos dos embargos a, finalmente, o início do cumprimento da pena e a perda dos direitos políticos – como a filiação partidária.

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A leitura é que não deve-se imaginar que o pedido de Fux seja fruto de uma estratégia construída com a família com o intuito de levar o trânsito em julgado da ação penal para o ano que vem. Mas é muito razoável concluir que a sua calma está, sim, ligada à sua discordância em relação à condenação de Bolsonaro, ao prazo açodado imprimido no julgamento e ao desalinhamento claro com os colegas do tribunal.