A semana inicia com notícia quente: nas primeiras horas do dia veio a público o plano do governo costurado junto ao Legislativo para substituir o aumento do IOF.
Ainda nesta edição, Bolsonaro e Moraes frente a frente, os planos do governo para o WhatsApp e os protestos contra Trump em Los Angeles.
Boa leitura.
1. O ponto central: Medida provisória para reformas estruturantes
O governo irá recuar do aumento no IOF e espera compensar o impacto fiscal com a edição de uma medida provisória pactuada com o Legislativo, que trará:
- corte de benefícios tributários;
- aumento na taxação de casas de apostas;
- fim da isenção de Imposto de Renda para LCI e LCA.
Haddad anunciou o acordo pouco antes da meia-noite deste domingo (8), em frente à residência oficial da Câmara, onde se reuniu com Hugo Motta, Davi Alcolumbre e líderes do Congresso durante cerca de cinco horas.
- ✈️ “Eu vou esperar o presidente Lula voltar.”
- “Terça de manhã ele deve estar em Brasília, e eu submeto a ele o que foi acordado aqui.”
O ministro não esclareceu a exata extensão do recuo no IOF, mas evidenciou que o movimento mais significativo a ser feito será na taxação das operações de risco sacado. Segundo ele, será retirada a parcela fixa do tributo, ficando apenas a diária, que penaliza operações curtas.
Por que importa: Ao negociarem ações que podem gerar recursos em 2025 e, sobretudo, em 2026, Motta e Alcolumbre oferecem um caminho para que o governo recue e também uma história para contar — tanto para o público como para a gestão orçamentária em si, que exige ritos e procedimentos.
Motta falou logo após Haddad.
- “Para resolver a situação das contas públicas de 2025, o governo apresentou uma medida provisória que, na nossa avaliação, traz uma compensação financeira ao governo, mas muito menos danosa do que seria a continuidade do decreto do IOF, como foi proposto de forma inicial.”
Sim, mas… Os efeitos da medida provisória não entrarão em vigor imediatamente, segundo Haddad, pelos princípios da noventena e, no caso da mudança no Imposto de Renda, da anualidade.
Enquanto isso, a arrecadação diária do governo com o IOF é de cerca de R$ 88,8 milhões, segundo cálculo do UOL com base em dados da Fazenda (com paywall). Desde que o decreto foi instituído, o governo arrecadou em torno de R$ 1,3 bilhão.
2. Bolsonaro não vai para lacrar

Jair Bolsonaro e Alexandre de Moraes estarão frente a frente a partir das 14h, com transmissão da TV Justiça, quando a Primeira Turma do STF inicia os interrogatórios dos oito réus do núcleo principal denunciado pela PGR por tentativa de golpe de Estado.
- O primeiro a falar será Mauro Cid, na condição de delator, e os seguintes virão em ordem alfabética — Bolsonaro será o antepenúltimo, depois de Augusto Heleno.
- A Primeira Turma marcou sessões até sexta (13), e a expectativa é que não haja tempo para o ex-presidente falar nesta segunda (9).
- A disposição dos móveis foi alterada para receber os interrogatórios. Os réus e seus advogados sentarão, um de cada vez, bem à frente de Moraes, que estará em um plano mais alto, como ocorre em tribunais do júri.
- Os demais réus e advogados poderão assistir aos depoimentos em uma fila de mesas atrás do interrogado.
Bolsonaro discursou na sexta (6), em evento do PL Mulher, presidido por Michelle, e falou sobre o que espera do interrogatório.
- “Não vou lá para lacrar, para querer crescer, para querer desafiar quem quer que seja. Estarei lá com a verdade ao nosso lado.”
- “O que aconteceu em 2022 com toda certeza será falado por mim, quando ao vivo estiver no Supremo com cinco ministros na minha frente me cobrando, vale a pena assistir.”
No mais… Nenhuma palavra sobre Carla Zambelli no evento do PL Mulher.
3. Chama no zap

O governo irá promover uma ofensiva de comunicação pelo WhatsApp, com os ministérios da Saúde, da Educação e do Desenvolvimento Social enviando mensagens a beneficiários de programas sociais, segundo reportagem do Estadão (com paywall).
Por que importa:
- É mais uma das várias tentativas de reverter a crescente rejeição ao governo captada nas pesquisas.
- É também mais uma das várias tentativas de melhorar a comunicação do governo — e de Lula — no ambiente digital.
- A mudança é baseada na experiência do aliado João Campos à frente da Prefeitura do Recife, cidade brasileira que mais oferece serviços pelo WhatsApp, segundo a Meta.
🗣️ O que estão dizendo:
- “Temos um sistema de comunicação que é uma via de mão dupla. Enviamos mensagens institucionais e oferecemos o telefone 121 para dúvidas e encaminhamentos sobre os 48 programas integrados ao CadÚnico, onde o Bolsa Família é o principal deles, por meio do WhatsApp ou call center” — Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento Social, em entrevista ao Estadão.
- “A melhor propaganda de um governo é o trabalho, e o que a gente faz na plataforma digital é prestar serviço. Trata-se de um instrumento de participação popular” — Rafael Cunha, secretário de Transformação Digital, Ciência e Tecnologia do Recife, também ao Estadão.
4. Pilhagem pluripartidária

O esquema no INSS perpassou os governos Temer, Bolsonaro e Lula, quando os descontos ilegais atingiram seu auge, mostra um raio-x do escândalo na edição de junho da piauí (com paywall).
💥 A novidade: Um caderno apreendido pela PF que pertencia ao principal operador do esquema, o Careca do INSS, tem anotado um percentual ao lado de “Justiça do DF”, segundo detalhes da investigação revelados pela revista (sem paywall).
Por que importa:
- Esta é a primeira menção ao Judiciário que vem a público no caso.
- A investigação implicou a cúpula do INSS e resultou na queda de Carlos Lupi, presidente do PDT, do cargo de ministro do Trabalho.
- Apesar de o esquema ter surgido sob Temer e continuado sob Bolsonaro, a oposição busca colar a responsabilidade apenas em Lula, embalada pela rejeição recorde ao governo.
📝 O que diz a reportagem:
- “É notável como uma pilhagem iniciada em 2017 chegou à máxima potência em 2025 — e furou todas as etapas de fiscalização e controle, deixando inclusive que o INSS caísse nas mãos das quadrilhas.”
- “Tamanho rombo demandou a inépcia de três governos. Das 11 entidades investigadas pela polícia, algumas já atuavam no governo Temer, outras começaram sob Bolsonaro, e na gestão de Lula os descontos explodiram.”
5. Protestos nos EUA e atentado na Colômbia
- Trump enviou agentes da Guarda Nacional à Califórnia sem a anuência do governador democrata Gavin Newsom — uma escalada de tensões com precedente apenas em 1965, quando Lyndon Johnson mobilizou as forças para abafar manifestações por direitos civis, segundo o New York Times (sem paywall).
- Os protestos contra as políticas migratórias iniciaram na sexta (6) e se intensificaram no domingo (8), após a decisão de Trump, quando manifestantes bloquearam uma via expressa de Los Angeles e atearam fogo em carros autônomos, de acordo com a Associated Press (sem paywall).
- A Guarda Nacional respondeu com tiros de borracha, gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral.
- Enquanto isso, na Colômbia, no mesmo dia, um senador e pré-candidato à Presidência sofreu atentado a tiros e um terremoto de magnitude 6,5 atingiu o país, deixando ao menos seis feridos.
- Miguel Uribe Turbay passou por cirurgia neste domingo (8) e se encontra na UTI ainda em estado grave. O presidente Gustavo Petro foi criticado por, inicialmente, não prestar solidariedade ao adversário. Ele voltou atrás horas depois.
- Uribe Turbay não está entre os favoritos para suceder Petro, figurando apenas na sétima colocação. Apoiadores passaram a noite em vigília, na frente do hospital.
6. Agenda BSB: IPCA para maio e mais
- O IBGE divulga o IPCA para maio na terça-feira (10).
- A CCJ do Senado promove na terça a última audiência pública prevista no plano de trabalho do PLP 108/2024, segundo projeto da regulamentação da reforma tributária.
- A Comissão Especial de Inteligência Artificial ouve na terça (10) o secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan.
- O STF retoma o julgamento do Marco Civil na quarta-feira (11), às 10h.
- Ainda no STF, segue na pauta o julgamento que discute a constitucionalidade da Cide, que pode ser retomado.
- Haddad deve comparecer à Comissão de Finanças e Tributação da Câmara na quarta (11).
- Lula participa na sexta (13) da reunião de cúpula Brasil–Caribe, no Palácio Itamaraty, a partir das 8h30.
7. Olha o quibe!

Seja nas praias do Rio, numa padoca paulistana ou no Bar Beirute, em Brasília. No almoço, no jantar ou — por que não? — no desjejum: a esfiha, o quibe e outras delícias árabes se tornaram parte do cardápio brasileiro.
Para investigar o assunto, Diogo Bercito mistura pesquisa histórica, sociologia da comida e reportagem de negócios em “Brimos à mesa: histórias da culinária árabe no Brasil” (Fósforo), nas livrarias a partir desta terça (10).
- Como não poderia deixar de ser, um dos casos explorados é o do popular Habib’s, fundado pelo português Alberto Saraiva em 1988, na zona oeste de São Paulo.
- “A história do Habib’s não é fascinante apenas por causa de seu sucesso comercial”, escreve Bercito. “É também uma excelente oportunidade para pensarmos em alguns dos temas fundamentais deste campo de estudo.”
- “A ideia de uma ‘comida étnica’ pressupõe uma relação direta entre culinária e etnia. Ou seja, entre comida árabe e arabicidade. O caso de Alberto — um português vendendo esfiha — esgarça essa pressuposição.”
8. 📸 Despedida: Vitória do Brasil
A tenista Vitória Miranda, 17 anos, foi campeã de Roland Garros júnior no simples e nas duplas, com a sueca Luna Gryp. Ela disputou as duas finais na sexta (6), com poucas horas de diferença, e repetiu o feito que havia conquistado no Aberto da Austrália. É do Brasil!