Vivemos uma transformação radical no ambiente de trabalho, especialmente no ecossistema da Justiça. A pandemia de Covid-19 impulsionou a digitalização de diversos serviços e alterou significativamente a forma como audiências e sessões de julgamento são realizadas, expandindo o uso de plataformas online.
Hoje, diante da realidade de um mundo que exige rapidez e flexibilidade, as instituições judiciais e de seu ecossistema enfrentam o desafio de continuar modernizando suas práticas para acompanhar os avanços tecnológicos, ao mesmo tempo em que se mantêm eficazes e relevantes.
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Nesse contexto, três aspectos se mostram essenciais para garantir a eficiência e o bem-estar dos servidores e da sociedade: políticas de trabalho claras, o avanço dos modelos híbridos e a adoção de tecnologias emergentes.
O primeiro ponto fundamental são as políticas de trabalho claras, que se tornam cruciais em um ambiente de incertezas e mudanças constantes. No sistema judicial, onde a burocracia e as regras rígidas são a norma, a falta de clareza nas diretrizes de trabalho pode gerar confusão e prejudicar tanto a produtividade quanto a qualidade dos serviços prestados.
No entanto, é justamente em momentos de instabilidade que essas políticas precisam ser repensadas e adaptadas. Definir diretrizes precisas que equilibrem a autonomia dos servidores com a necessidade de resultados concretos é uma estratégia necessária para que o sistema judicial se mantenha eficiente e justo.
As políticas de trabalho partem de gestores preparados para tal tarefa. Devem ser dinâmicas, evoluindo conforme as demandas do mundo moderno. Não basta se apegar a normas antigas que já não dialogam com as necessidades atuais. Devemos abandonar a ideia de que eficiência no trabalho se mede pelo cumprimento de regras ultrapassadas.
O foco precisa estar nos resultados. Isso implica criar um ambiente onde os colaboradores do ecossistema da Justiça saibam exatamente o que se espera deles, mas que, ao mesmo tempo, tenham liberdade e flexibilidade para desempenhar suas funções de maneira mais autônoma e adaptável.
Outro ponto central para essa transformação é o modelo híbrido de trabalho, que vem sendo cada vez mais adotado, não apenas como resposta às exigências ocorridas na época da pandemia, mas como uma tendência que veio para ficar. A ideia de que o trabalho só é eficaz quando executado presencialmente está ultrapassada.
A Justiça, assim como outras áreas, precisa entender que o espaço físico é apenas uma das dimensões do ambiente de trabalho. O futuro está na combinação de ambientes físicos e digitais, permitindo que as equipes colaborem de maneira fluida, independentemente de onde estejam.
O modelo híbrido, quando bem implementado, promove não apenas flexibilidade, mas também maior engajamento. É um erro pensar que o trabalho remoto afasta os funcionários. Ao contrário, ele oferece uma oportunidade de repensar os processos de trabalho e como os espaços, sejam eles físicos ou virtuais, podem ser adaptados para otimizar a produtividade. No Judiciário, isso pode significar ambientes de trabalho que possibilitam uma melhor comunicação entre equipes e uma maior autonomia, sem abrir mão da qualidade e do rigor que o trabalho exige.
Por último, mas não menos importante, está a adoção de novas tecnologias, especialmente a inteligência artificial. A resistência à inovação tecnológica não tem mais espaço em um sistema de Justiça que pretende continuar relevante no século 21. O uso de ferramentas digitais, automação e IA é vital para lidar com a crescente demanda por processos mais rápidos e eficientes. No entanto, a adoção dessas tecnologias precisa ser feita de forma ética e responsável, com a devida atenção à segurança de dados e à imparcialidade das decisões.
A IA pode ser um poderoso aliado na gestão de processos judiciais, permitindo que decisões sejam tomadas com base em uma análise mais aprofundada de dados e precedentes. No entanto, é fundamental que as instituições invistam na alfabetização tecnológica de seus colaboradores, garantindo que eles estejam preparados para utilizar essas ferramentas da melhor maneira possível.
Além disso, é preciso garantir que a implementação dessas tecnologias não crie novas formas de exclusão ou aprofunde as desigualdades existentes no acesso à Justiça.
Essas três chaves são fundamentais para a construção de um ecossistema de Justiça que seja ao mesmo tempo flexível, inclusivo e eficaz. Não podemos mais nos apegar ao passado. O caminho para uma Justiça mais ágil, eficiente e justa está na nossa capacidade de inovar, adaptando-se às novas demandas sem perder de vista a missão de servir à sociedade.